Por Camila Maia, Valor Econômico
A entrada de um novo governo no Paraná não vai afetar os compromissos já estabelecidos com as estatais de energia e saneamento Copel e Sanepar, garantiu o governador eleito do Estado, Carlos Roberto Massa Júnior, o Ratinho Júnior. Em contato próximo com as atuais gestões dessas empresas, o futuro mandatário do Paraná não vê privatizações no curto prazo, mas já estuda venda de ativos por parte das companhias.
Eleito pelo PSD no primeiro turno das eleições, o governador eleito participou na segunda-feira de um evento com investidores da Copel na Bolsa de Nova York (Nyse) ao lado dos principais executivos da companhia, inclusive Jonel Nazareno Iurk, atual presidente da elétrica.
“Em 1º de janeiro haverá novo governo, algumas diretorias serão mudadas, mas a linha do trabalho que acontece hoje na Copel será mantida”, disse Ratinho Júnior, em entrevista ao Valor depois de participar da reunião em Nova York. O governador eleito reconheceu que a Copel atingiu avanços “importantes e positivos” nos últimos dois anos, aumentando sua rentabilidade. “A ideia era demonstrar aos investidores de Nova York que vamos manter a filosofia atual de trabalho e tentar contribuir com esse desempenho”, completou.
A fala do governador eleito foi bem recebida no mercado. Ontem, as ações ordinárias da Copel subiram 8,26%, a R$ 30,15, e as preferenciais classe B (PNB) avançaram 9,02%, a R$ 32,38.
Na reunião, os executivos da Copel apresentaram os resultados recentes da companhia aos investidores. “Obviamente, a presença do governador, que representa o acionista controlador da Copel, é de uma importância fundamental para as expectativas do mercado sobre o novo governo”, disse Iurk, presidente da estatal.
“A Copel fez estudos sobre vendas de ativos, mas isso está sendo tratado na transição e ficará para a próxima gestão”, disse Iurk.
Privatizações da Copel e da Sanepar não estão em discussão no momento. “São boas empresas, com bom desempenho, lucratividade e prestação de serviço”, disse Ratinho Júnior. A equipe de transição do governo do Paraná está discutindo com a diretoria da Copel, neste momento, a venda de ativos não considerados centrais para a atividade da estatal.
“Vamos discutir a venda da Copel Telecom em um momento oportuno”, disse Ratinho Júnior, lembrando que, privada, a companhia pode ter mais agilidade e ser mais competitiva. A Compagas, estatal paranaense de distribuição de gás natural, é outra candidata do Estado a ser privatizada. “Mas não de imediato, tudo será muito bem planejado”, completou.
Segundo o presidente da Copel, a companhia tem alguns ativos em avaliação para serem vendidos além da Copel Telecom.”Temos algumas linhas de transmissão em outros estados da federação que poderiam ser objeto de venda, buscando, evidentemente, recompor os investimentos em áreas mais próximas do Paraná, onde as sinergias com os ativos da Copel poderão trazer melhor resultado”, disse Iurk.
Outra prioridade da estatal paranaense é manter a concessão da hidrelétrica Governador Bento Munhoz da Rocha Netto, maior ativo da companhia, com 1.676 megawatts (MW) de potência. A concessão vence em 2023. “A Copel tem como alvo a manutenção desse ativo, já há um estudo e todo um planejamento estratégico da companhia para conseguir isso”, disse Iurk.
Ao mesmo tempo em que pretende manter as políticas atuais em implementação nas estatais, o novo governador do Paraná quer fortalecer a independência da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestrutura do Paraná (Agepar). Uma das atribuições da Agepar é calcular e aplicar os reajustes tarifários da estatal de saneamento paranaense Sanepar.
“A ideia é deixar a Agepar cada vez mais independente. A ideia é empoderar ainda mais a Agepar, dando inclusive tranquilidade para os investidores”, afirmou o governador. Segundo ele, questões sobre tarifas ainda não foram abordadas pela equipe de seu governo, que ainda está em transição e não se aprofundou em temas relacionados às estatais.
O governador eleito do Paraná disse que ainda não definiu sua equipe econômica. “Contratamos a Fundação Dom Cabral para fazer uma avaliação do organograma. Como nosso compromisso era modernizar a máquina pública e reduzir número de secretarias, o estudo vai ajudar”, disse. A expectativa de Ratinho Júnior é anunciar até os primeiros dias de dezembro outros nomes de seu governo, com destaque para a área administrativa e a secretaria da Fazenda.
Em 3 de dezembro, o governador terá também uma audiência com membros da equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro. “A ideia é ter um alinhamento com o governo federal”, disse, lembrando que o Paraná tem necessidade de aumentar as parcerias público-privadas (PPPs).
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