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PT e MDB eram sócios na divisão da propina de Belo Monte, diz MPF

PT e MDB eram sócios na divisão da propina de Belo Monte, diz MPF

Guilherme Voitch, Veja

PT e MDB atuavam como sócios na divisão da propina paga pelas empreiteiras responsáveis pelas obras da usina hidrelétrica de Belo Monte. Segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, do Ministério Público Federal (MPF), os dois partidos dividiam o dinheiro pago pelas empresas na proporção de 45% a 45%. Os 10% restantes eram destinados ao ex-ministro Delfim Netto, que teria atuado na estruturação do consórcio vencedor da licitação de Belo Monte, o Norte Energia.

“Delfim Netto, em conjunto com Bumlai [José Carlos Bumlai, preso pela Operação Lava Jato], ajudou o governo federal a estruturar o Consórcio Norte Energia, que foi formado por diversas empresas que a rigor não teriam capacidade para o empreendimento”, disse Costa, nesta sexta-feira (9) em entrevista coletiva.

Na sequência, o Norte Energia acabou fazendo a subcontratação de outro consórcio, formado pelas gigantes Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Corrêa para tocar a obra. As empreiteiras menores, que formavam o contrato original, tiveram seus percentuais na obra reduzidos, mas continuaram a lucrar. Em troca, deveriam realizar pagamentos às duas legendas e ao ex-ministro.

Na coletiva, o procurador afirmou que o “porta-voz” do governo federal no esquema foi o ex-ministro e na época deputado federal, Antônio Palocci. “Ele pediu para direcionar os pedidos de propina, parte ao PT para ao MDB. Em um segundo momento, Palocci pediu que 10% do valor de 1% do contrato fosse direcionado a Antonio Delfim Netto.”

As investigações do MPF e da PF apontam que cerca de R$ 15 milhões teriam sido repassados a Delfim diretamente e por meio de empresas de fachada ligadas a ele e ao sobrinho Luiz Appolonio Neto. A Justiça já bloqueou R$ 4,4 milhões nas contas do ex-ministro. “Eram valores mascarados em contratos fictícios de consultorias, que efetivamente nunca foram prestados.”

O procurador revelou a estratégia das empreiteiras para pressionar o governo. “Elas interrompiam o pagamento de propina como forma de pressionar para que os aditivos fossem assinados”, disse o procurador.