O presidente do Cade, Vinícius Marques de Carvalho, deve ser convidado a se explicar ao Senado sobre a omissão em seu currículo do período em que trabalhou com o deputado estadual Simão Pedro (PT). “É muito grave isso. Já estou estudando quais as medidas políticas e judiciais cabíveis nesse caso. Vou pedir que ele venha à comissão que o sabatinou, a Comissão de Assuntos Econômicos, para esclarecer o assunto”, disse o líder do PSDB, senador Aloysio Nunes (SP). Carvalho foi sabatinado no Senado em maio do ano passado.
Reportagem do Estadão revela que o presidente do Cade omitiu em ao menos quatro currículos oficiais ter sido chefe de gabinete de Simão Pedro, entre 2003 e 2004. O deputado é responsável, desde 2010, por representações que apontam suspeitas de irregularidades em contratos do Metrô de SP e da CPTM. Nunes ironizou a justificativa de Carvalho, que classificou a omissão como “não intencional”. “Ele omitiu informações importantes que, seguramente, teriam influenciado a indicação”, disse Aloysio.
Ontem, o PSDB anunciou ainda que vai protocolar requerimento para convocar os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para deporem em comissões no Congresso.
Para o presidente do Diretório Estadual do PSDB-SP, deputado Duarte Nogueira, a denúncia de que o presidente do Cade é ligado a um deputado petista é “gravíssima”. Na sua avaliação, “é repugnante” o governo petista de Dilma Rousseff “utilizar o Cade em uma campanha político-eleitoral”. “É uma demonstração evidente do aparelhamento do Estado. Do contrário, Carvalho não teria escondido das autoridades seu DNA petista.”
Lupa – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), considerou o caso “extremamente grave” e afirmou que o partido passará a olhar “com lupa” o processo de investigação pelo Cade sobre denúncias de cartel em contratos do metrô de São Paulo. “É grave, sobretudo porque o ex-patrão tinha uma relação direta com as denúncias”, afirmou. “É algo extremamente grave e os vazamentos selecionados já chamavam a atenção o partido acusou o Cade de vazar informações que atingiam dirigentes do PSDB. Nós queremos dar a ele a oportunidade de se explicar e aí vamos examinar as providências”, afirmou o senador, ao ser perguntado se caberia pedir a suspeição de Carvalho.
Aécio disse que a justificativa do presidente do Cade de que foi um “lapso” não ter incluído a informação no currículo não se sustenta. “É muito estranho que seja um lapso. Parece algo mais grave que um simples lapso. Continuamos querendo que essa questão de denúncia de cartel seja investigada com profundidade.”