por Josias de Souza
Os arquivos do PSDB informam que o partido dispõe de 19,5 mil filiados na cidade de São Paulo. Em tese, é esse pessoal que vai eleger nas prévias de 25 de março o candidato da legenda à prefeitura da maior cidade do país. Mas há um problema: procurados, mais de 70% dos tucanos de carteirinha não foram achados.
São três os tucanos que se mantém na disputa pela vaga de candidato do PSDB ao comando da maior e mais rica cidade do país: José Serra, José Aníbal e Ricardo Trípoli. Um deles, Aníbal, decidiu aferir suas chances. Encomendou uma pesquisa. A empresa contratada só conseguiu localizar 5,4 mil filiados –28% do total.
Numa primeira filtragem, a empresa reduziu a lista de “filiados” de 19,5 mil para cerca de 9 mil.
Decidiu-se, então, checar endereços, telefones e e-mails. A relação caiu para 6,5 mil. Por último, dispararam-se mensagens eletrônicas. E apenas 5,4 mil (72% do total de supostos filiados) acusaram o recebimento.
Definido o universo a ser pesquisado, a empresa a serviço de Aníbal optou por realizar uma sondagem telefônica. Selecionou uma amostra capaz de representar estatisticamente a vontade do colegiado. Contactou 773 filiados. Desses, 89% manifestaram o desejo de votar nas prévias do PSDB.
Quer dizer: o número de votantes do dia 25 de março pode ser inferior aos 5,4 mil tucanos que compõe o pedaço confiável do cadastro do PSDB. A primeira rodada da pesquisa foi feita em fevereiro, quando Serra ainda não havia subido ao ringue.
Nessa época, além de Aníbal e Trípoli, reivindicavam a vaga Bruno Covas e Andrea Matarazzo, que abdicaram em favor de Serra. Segundo a pesquisa, aníbal liderava a disputa com 26,%. Na seguência vinham Bruno (20%), Tripoli (15%) e Andrea (10%). Outros 29% dos pesquisados diziam não saber em quem votar.
Aníbal aguarda para este final de semana o fechamento de uma segunda rodada da pesquisa, agora sem Bruno e Andrea, incluindo Serra. Remando na contramaré, o candidato soa confiante. Afirma que os apoios festejados por Serra lhe foram dados por pessoas que não compõem o universo de votantes.
Em 25 de junho, o PSDB faz aniversário de 24 anos. Nessas mais de duas décadas de existência, o partido jamais realizou prévias. A de São Paulo será a primeira. A legenda habituou-se a escolher seus candidatos por meio de conchavos e acordos de cúpula. As prévias tornaram-se mero ornamento estatutário.
Presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso costuma dizer que o maior desafio da legenda é o de aproximar-se das ruas, das universidades e dos sindicatos. O caso de São Paulo dá ideia do tamanho da empreitada. O PSDB não consegue fazer contato nem com o seu cadastro de filiados.