Amigos, familiares e representantes de movimentos sociais se reuniram no Centro da cidade em clima de comoção pela falta de informações sobre o desaparecimento de Anderson Leandro da Silva
Familiares e amigos do jornalista Anderson Leandro da Silva, de 38 anos, desaparecido desde o dia 10 de outubro, se reuniram em frente à Catedral Basílica de Curitiba em uma manifestação para cobrar rigor nas investigações do caso. Cerca de 300 pessoas estiveram no local, no Centro da cidade, em um clima de comoção em função da falta de informações sobre o paradeiro do jornalista.
Ao meio-dia, os participantes fizeram um abraço simbólico na catedral. Os familiares ficaram emocionados durante o ato. Os integrantes do manifestação seguiram, após levantar as mãos em conjunto, pela Rua XV de Novembro em uma caminhada até a Boca Maldita.
Participam do encontro movimentos sociais e sindicatos, segmentos dos quais Anderson sempre foi próximo. Todos utilizam camisetas distribuídas no local com uma foto do jornalista. Amigos e familiares aparentam apreensão ao mesmo tempo em que agradecem o apoio que têm recebido nesses oito dias em que não têm notícias de Anderson.
O irmão do jornalista, o padre Agenor Martins da Silva, relata que a família não sabe de nada além do que é publicado pela imprensa. “A família fica confortada ao saber que o grupo Tigre está empenhado nas investigações. Fico feliz ao perceber o apoio que as pessoas tem demonstrado sobre o caso do Anderson, até porque este não é um caso isolado dentro do contexto da violência urbana”, diz Agenor.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, Guilherme Carvalho, relata que a entidade tem cobrado rigor do Estado e do Ministério Público nas investigações. “É difícil, a cada dia que passa a história fica mais no limbo. Há a possibilidade de ter relação com o trabalho dele. Se isso se confirmar, esse desaparecimento é um problema do Estado, porque se trata de um jornalista sendo vítima do próprio trabalho”, relata.
Investigações
Anderson Leandro foi visto pela última vez no início da tarde de 10 de outubro. Ele saiu de sua produtora de vídeo, no bairro Rebouças, em Curitiba, pouco depois das 12h30, a bordo de uma van Kangoo (placas AON-8615). Ele iria a Quatro Barras, onde se reuniria com um cliente para fazer um orçamento. Entretanto, o jornalista não chegou à cidade da região metropolitana. A polícia analisou câmeras de monitoramento de todas as entradas do município, que não registraram a passagem do veículo.
As apurações passaram a ser conduzidas, no último dia 15, pelo Grupo Tigre, elite da Polícia Civil especializada em casos com reféns, e acompanhadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). As autoridades evitam falar oficialmente das linhas de investigação, mas evidências apontam para a possibilidade de emboscada. A família aponta ainda para a hipótese de o desaparecimento estar relacionado com o trabalho desenvolvido pelo jornalista junto aos movimentos sociais.
Foto: Antonio More/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Deixe um comentário