Josias de Souza
Em depoimento prestado no último dia 11 de fevereiro, o delator premiado Alberto Yousseff revelou que, durante o julgamento do processo do mensalão, a defesa de dois dos réus, os ex-deputados José Janene (PP-PR) e Pedro Corrêa (PP-PE), foi custeada com verbas sujas obtidas em negócios ilíticos de empreiteiras com a Petrobras. O próprio Youssef intermediou os repasses, que somavam até R$ 70 mil mensais.
Suprema desfaçatez: os réus pagaram os honorários do seu defensor num escândalo de corrupção embrenhando-se noutro escândalo ainda maior.
Chama-se Eduardo Ferrão o advogado titular da banca que recebeu as verbas de má origem. Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato queriam saber se o doleiro Youssef tinha conhecimento dos vínculos entre o doutor Ferrão, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE).
O repórter Jailton de Carvalho conta que Youssef declarou desconhecer o relacionamento entre os três. Mas informou que conhecia o escritório de Ferrão, porque era ele quem cuidava da defesa de Janene e Corrêa. Advogava também para o diretório nacional do PP, partido que controlava a diretoria de Abastecimento da Petrobras, por meio do ex-diretor Paulo Roberto Costa.
De acordo com a transcrição do depoimento, o doleiro Youssef disse que fez “vários pagamentos em dinheiro vivo” para cobrir os honorários que Ferrão cobrava do PP e dos deputados da legenda. O dinheiro era entregue no escritório do advogado, em Brasília —“…entre 40 mil e 70 mil reais por mês”, disse o doleiro.
Ouvido, Ferrão confirmou os pagamentos. Mas disse desconhecer Youssef. “Quem me pagava era o PP, de quem eu era advogado desde 2003. Se o dinheiro vinha dele [Youssef] eu não posso saber. Eu emitia notas para o PP”. O doutor declarou que não era ele o responsável pelos recebimentos no escritório. “Não sei se eram transferências bancárias, cheque ou dinheiro vivo. Mas não teve nenhum pagamento que não teve nota emitida para o PP.”
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