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PRONUNCIAMENTO DE REQUIÃO NO ENCONTRO NACIONAL DO PMDB EM 21 DE NOVEMBRO EM CURITIBA

ÍNTEGRA DO PRONUNCIAMENTO DO GOVERNADOR DO PARANÁ, ROBERTO REQUIÃO, NO ENCONTRO NACIONAL DO PMDB, REALIZADO NO DIA 21 DE NOVEMBRO EM CURITIBA

De repente, não mais do que de repente me aparece, aqui em Curitiba, o Roberto Mangabeira Unger que realiza uma caminhada para colocar o nosso velho MDB de guerra na discussão de uma proposta de programa de governo.

Poucos sabem, mas o Mangabeira foi um, se não o principal, redator do programa originário do velho MDB de guerra: o partido das classes populares, desligados das decisões do grande capital. Depois do Mangabeira, o Eduardo Pinho Moreira, me visitou. O Luiz Henrique, pressionando do lado, e há muito tempo, o Orestes Quércia me incitava a participar desta disputa.

Depois destas manifestações de todos vocês e pensem vocês na responsabilidade que estão assumindo comigo, velho companheiro Paes de Andrade, só posso dizer que mandem um aviso aos nossos dirigentes nacionais do PMDB: aqui se consolidou uma pré-candidatura.

E que esta pré-candidatura se inicia pelo Piauí. Se as possibilidades e a minha vontade prevalecerem o segundo Estado a ser visitado será o Sergipe. Estado em que meus pais deixaram as suas raízes e seus ancestrais.

Mangabeira fez uma exposição brilhante, sempre faz exposições brilhantes, colocando algumas ideias básicas. Eu queria dizer a vocês que o que me leva a participar desse processo é a consciência de que estamos vivendo hoje uma contradição total no momento extremamente favorável para mudança, momento da crise do capitalismo financeiro, da debilidade da hegemonia norte-americana, da contestação pelo mundo do padrão dólar em que todos nos debatemos, numa contradição muito clara.

A contradição entre a nação e o mercado. O que somos nós? Um mercado à disposição das bolsas, quando o capital financeiro age com a velocidade moderna da internet, quebrando países, desempregando milhões de pessoas instantaneamente.

Ou nós somos uma nação? Que se difere basicamente do mercado, porque não tem como único objetivo o lucro, mas tem compromissos com o povo que consolidou com o suor, o sangue, seu território, tem compromissos com processo cultural que quando ocupa o espaço das cidades se transforma em civilização.

Essa contradição entre mercado e nação é uma contradição temente do Brasil e no mundo. A nação tem compromisso com as pessoas, com o processo civilizatório, cultural, tem compromisso com a aventura de vida de cada um.

E o mercado tem compromisso apenas com o lucro, que se processa através das jogatinas, através das bolsas de valores.

O Mangabeira tem colocado com clareza, a contradição entre o trabalho que não pode ser precarizado e o capital produtivo que se opõem ao capital vadio ou ao capital financeiro.

O que querem de nós? Uma regressão aos períodos coloniais dos monopólios. Alguma coisa semelhante às plantações que a Inglaterra fez na Índia e na África. Após as quais, nada fica para os povos e para os países.

Uma volta ao ciclo de monocultura exclusiva para alimentar, por exemplo, o gado que fornece a carne dos Estados Unidos e da Europa.

Ou nós queremos um país múltiplo desenvolvido.

Nós estamos vendo o dólar ajustado, quebrando milhares de pequenas empresas, as montadoras de automóveis hoje estão começando a importar autopeças levando mais uma vez à bancarrota, a indústria nacional de autopeças e cortando pela raiz, milhares de empregos.

Eu acho que esta visão da defesa da nação é a visão básica da colocação do programa de governo. O programa de governo será, sim, ilustrado pela inteligência e o preparo de companheiros, como Mangabeira Unger. Mas que também é um programa de governo que faz parte do dia a dia das verdadeiras administrações peemedebistas.

O nosso compromisso no Paraná e com a Carta de Plueba – a opção preferencial pelos pobres, pelo capital produtivo, pelo trabalho e pela desoneração das microempresas. Mas temos, fundamentalmente, um governo que evita o engano da espoliação e do jogo desesperado do capital.

Essa proposta, sim, vai ser desenvolvida e nós vamos levar ao país inteiro.

Primeiro, no âmbito no nosso partido e depois se o partido vier, assimilar, lá vamos para uma disputa da Presidência da República.

Estamos dando, estamos oferecendo oxigênio ao velho MDB de guerra. Que os ideais de cada militante remoto do nosso partido sejam oxigenados e que possam se manifestar num processo eleitoral.

Não podemos ter um partido sem esperança, um partido sem ambição de mudança, um partido acessório nesse processo eleitoral do próximo ano. Se não se manifestar com força e tenência, seguramente se esvazia no Brasil.

Eu sou amigo do Lula. Sou amigo pessoal da Dilma. E sou companheiro do Serra desde a época dos bancos universitários. Mas eu sou antes de tudo peemedebista e brasileiro. E que se nós temos, se é nos dada a oportunidade de participar desta grande discussão nacional, no momento em que a crise aponta o capitalismo no mundo, nós não podemos deixar de fazê-lo.

O PMDB tem história. O nosso velho Ulysses Guimarães num discurso famoso, vocês devem se lembrar disso, no Congresso Nacional, com uma menção ao positivismo dizia o nosso índio errante vaga, mas por onde quer que ele vá, os ossos dos seus carrega. Carrega-os não para a vendita, mas porque também os mortos vigiam e governam os vivos.

É a tradição do partido, do PMDB, o desejo de mudança. A nossa mobilização na juventude, o ingresso na política, o fantástico desejo de transformação do país está adormecido na conveniência fisiológica de alguns de nossos companheiros.

O deputado federal Marcelo Almeida é o único que esteve aqui hoje. Todos os outros confirmaram a presença, mas que pena. Eles não se enganaram. Porque estão aqui hoje os que deveriam estar e os que aqui conosco não estiverem hoje se arrependerão pelo resto das suas vidas e amargamente.

Aqui renasce o velho MDB de guerra. O MDB que tem orgulho do seu passado, não tem temor do seu presente e tem a esperança de ser um instrumento político de mudança do Brasil no futuro. Obrigado pelo apoio companheiros.

E vamos à luta!