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Professor da UEL lança livro que mapeia “cidades fantasmas” do Brasil

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O professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo do CTU, Nestor Razente, lança nesta sexta-feira (16) o livro “Povoações abandonadas no Brasil” que faz um levantamento inédito sobre cidades brasileiras que morreram, ou seja, perderam suas populações, deixando um rastro de ruínas, além do registro histórico. O livro sai pela Editora da UEL (EDUEL) e será lançado durante noite de autógrafos marcada para esta sexta, a partir das 19h30, no Museu Histórico de Londrina.

O autor explica que oito cidades brasileiras deixaram de existir entre os séculos 19 e 20 – Ararapira (PR), Biribiri (MG), Airão Velho (AM), Desemboque (MG), Bom Jesus do Tocantins (TO), Cocori (SE), Fordlândia (PA) e Ouro Fino (MG). Destes municípios o professor conseguiu visitar pelo menos três, onde fez um levantamento sobre as ruínas, condições topográficas, além de registros fotográficos. Os demais o professor conseguiu reunir materiais inéditos, que estão organizados no livro em 372 páginas, com 97 imagens.

Nestor Razente explica que uma cidade passa a ser considerada fantasma quando não há registro de moradores ou no máximo uma família. O interesse pelo tema se dá pelo fato dos urbanistas mostrarem grande preocupação com planejamento urbano e problemas de grandes metrópoles, em detrimentos de pequenos municípios. Para fazer o levantamento, o professor considerou registros históricos. Ao todo foram três anos de pesquisa, um ano para a redação final e 22 meses para ter em mãos a edição finalizada. Toda a pesquisa foi bancada com recursos próprios.

“Existe uma lacuna na história do planejamento e do urbanismo. Os campos de conhecimento focam sempre crescimento urbano, deixando de lado as evidências históricas”, destaca o professor. Segundo ele, enquanto no Brasil existem oito municípios fantasmas catalogados, nos Estados Unidos a documentação científica aponta para a existência de aproximadamente 900 cidades e vilas que desapareceram.

Os americanos defendem uma linha acadêmica denominada Urban Declain, que foca o estudo aprofundado de vilas, cidades e povoados do país. Entre as causas deste chamado declínio que assola cidades está a mudança de atividade econômica. Detroit, no estado de Michigan, chegou a ter 2,4 milhões de habitantes há cerca de 20 anos, e hoje tem pouco mais de 700 mil, segundo o Censo de 2010. De acordo com o professor, a cidade está desurbanizada, enfrentando problemas na área de segurança e demais serviços públicos.

Paraná – O exemplo paranaense de cidade fantasma é o município de Ararapira, no litoral. Segundo levantamento feito pelo professor, o município atualmente é uma reserva protegida por legislação. A decadência ocorreu no século 19 quando foi feito um canal para interligar a cidade ao Porto de Paranaguá. Esta ligação mudou as correntes marítimas e acabou provocando uma grande devastação da área do município. Hoje o canal está assoreado e a área urbana foi invadida pelo mar. Ararapira tem somente uma Igreja, um cemitério e algumas poucas moradias de veraneio. Não há nenhum habitante fixo. O acesso se dá por via terrestre precária ou por barco, contando com maré alta.

“Há uma lenda que narra que a última moradora, que morreu afogada em Ararapira, aparece eventualmente no cemitério municipal”, lembra o professor. O exemplo paranaense é semelhante ao de outros municípios fantasmas do país, que por uma ou outra razão deixaram de existir. Outro exemplo é Airão Velho. A cidade não resistiu à mudança econômica depois do auge do ciclo da borracha. “Esse é o grande espanto. Em pleno século 21, à medida que o mundo se urbaniza assistimos cidades morrendo, uma grande contradição”, sustenta o professor.