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Procura por armas de fogo em lojas cresce até 70% em Curitiba

Na esteira do recrudescimento da criminalidade e da ascensão da campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (que tem como uma de suas principais propostas facilitar o acesso à posse de arma de fogo ao cidadão), a procura por armas de fogo e cursos de tiro têm crescido exponencialmente em Curitiba nos últimos tempos. Segundo relataram empresários do setor, a demanda por armamento cresceu até 70% na cidade. As informações são de Rodolfo Luis Kowalski no Bem Paraná.

Gerente da loja Brasil Tática, especializada em armas e equipamentos táticos, Anderson Oliveira comenta que a procura por armas de fogo cresce desde o início do ano passado, antes mesmo das discussões eleitorais começarem a ganhar fôlego. O principal motivo para a alta demanda é a insegurança e a onda de violência que atinge o país, diz ele.

“A procura por arma de fogo está grande, até pela falta de segurança, que acaba sendo o principal motivo para o pessoal procurar uma arma. O cidadão viu que houve um alto índice de violência e que as forças de segurança pública não estão conseguindo conter”, afirma Oliveira, apontando ainda que na Brasil Tática a procura por armas teve crescimento de aproximadamente 70%.

No Clube de Tiro SK, o instrutor Leonardo Wolff comenta que a situação é parecida. Segundo ele, de segunda a sábado o clube está sempre lotado, desde a hora em que abre (às 9 horas) até a hora em que fecha (às 19 horas). O estabelecimento também comercializa armas e o crescimento nos últimos meses ficou acima de 50% tanto para a venda de armamento como na procura por aulas de tiro.

“Tanto para a compra de arma como para o curso de tiro e treinamentos tem tido bastante procura. A maioria (dos interessados) diz que é por questão de segurança pessoal, defesa da casa, se sente mais seguro. Mas é o que eu sempre falo: primeiro tem de saber atirar para depois ter a arma, senão não adianta”, comenta o instrutor. “Por mês estamos tendo uma média de 500 pedidos para compra de arma”, complementa.

Loja
Não são todos os estabelecimentos que vendem legalmente armas, contudo, que estão com as vendas em alta. Na Softgun, por exemplo, Cleto de Almeida Gonçalves Junior, proprietário, diz que as vendas, após atingirem o ápice em 2013 no “pós-Estatuto do Desarmamento”, tiveram quedas nos últimos meses, principalmente por conta da crise econômica. “Caiu um pouco, mas em função da crise. Não é barato comprar uma arma, os trâmites também têm um valor elevado e é bem difícil a retirada, que hoje leva cerca de 90 dias.”

Estatuto do desarmamento quase “quebrou” o setor

Sancionado no final de 2003 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Estatuto do Desarmamento, que dificultou a compra (posse) e praticamente impossibilitou o porte de arma de fogo, quase quebrou o setor. Cleto de Almeida, da Softgun, relata que chegou a fechar a sua empresa, em 2004, voltando ao ramo quase uma década depois, em 2013.

“Nos anos 1990, o prazo médio de entrega da arma era de 48 horas. Você fazia o registro na Polícia Civil, que tinha uma delegacia bem estruturada para isso, pagava a taxa de registro, comprovava a residência, trabalho e antecedentes criminais e em 48 horas buscava a arma, enfiava na cinta e ia para casa, tudo dentro da lei”, recorda.

Depois da aprovação da lei, conta, praticamente nenhuma arma foi vendida ou registrada entre 2004 e 2005. “O mercado parou e depois foi crescendo paulatinamente. Eu voltei em 2013 porque vi que estava reaquecendo. Mas já cheguei a vender 200 armas num mês. Hoje devo estar vendendo 10% disso.”

“Quer o cidadão desarmado? Primeiro desarme os bandidos”

Questionados sobre a proposta de Jair Bolsonaro em facilitar o acesso à arma de fogo, os empresários do ramo e o instrutor de tiro consultados pela reportagem se disseram favoráveis à proposta. Segundo eles, o que o candidato do PSL quer é facilitar a posse de arma (ou seja, a possibilidade de você comprar uma arma legalmente para deixá-la em casa ou em seu trabalho), e não o porte (que autoriza alguém a circular com o armamento fora da residência ou do local de trabalho).

“Não é por causa do meu ramo, mas acho importante, muito importante para tentar mudar a situação do país, principalmente frear essa onda de violência. O cidadão que não quer ter uma arma eu respeito, mas não pode tirar o direito de quem quer ter, principalmente para quem mora em regiões onde não tem tanto policialmento. Além disso, cidadão que compra uma arma legal não vai sair por aí fazendo besteira com arma de fogo”, argumenta Anderson Oliveira.

Já Cleto de Almeida Gonçalves Junior destaca que desde a aprovação do Estatuto do Desarmamento o que cresceu foi o mercado ilegal. “O que percebi muito todo esse tempo é que o mercado ilegal vai muito bem, obrigado”. Ele exemplifica que muitas vezes o valor de uma arma ilegal corresponde ao valor da documentação para se ter uma arma, em torno de R$ 800.

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https://www.bemparana.com.br/noticia/procura-por-armas-de-fogo-em-lojas-cresce-ate-70-em-curitiba