por Cleverson Lima
Pode ser vitimização ou simplesmente falta de atenção ou leitura, mas é espantoso o número – cada vez maior – de internautas que reclamam de questões relacionadas à privacidade na internet e como os sites, em especial as redes sociais, se utilizam de nossas informações para fins principalmente comerciais. Ou seja, a forma como nossos dados são utilizados para que produtos e serviços sejam oferecidos a nós.
Antes de tudo é bom lembrar que a privacidade, neste caso, pode ser entendida como o controle que uma pessoa tem sobre as informações de si mesma, evitando que essas possam expô-la de forma indevida ou prejudicial.
Os casos mais lembrados são o do Facebook, maior rede social do mundo, e a Google, que além de saber o que procuramos diariamente, nos oferece diversos serviços que facilitam o dia a dia. Isso sem contar que o sistema operacional Android, desenvolvido pela empresa, está presente em mais da metade dos celulares e smartphones vendidos no planeta, dando a deixa para que informações como contatos, ligações e a localização possam estar sendo utilizados pela mesma.
Mas não pense que a privacidade é algo que esses sites/empresas levam nas coxas. Este é um assunto de primeira importância na lei dos poucos países que já possuem legislações voltadas à internet, como é o caso dos EUA. No Brasil, o Marco Civil da Internet, lei ainda não aprovada e que vai definir as diretrizes de uso da rede no país para usuários, empresas, governos e justiça, trata claramente sobre a privacidade e a guarda dos dados dos usuários – seja pelos sites ou pelos provedores de internet – e a forma como essas informações serão armazenadas e utilizadas..
Mas um ponto crucial a ser lembrado nesta discussão é o custo e o lucro para as empresas. Estamos em um sistema que visa pura e simplesmente o lucro. Seria ingenuidade pensar que Mark Zuckerberg criou e manteve o Facebook apenas para permitir que as pessoas pudessem compartilhar suas preferências, fotos ou momentos com amigos e família. Tanto é que ele já lucrou mais de U$ 30 bilhões. Isso se torna mais evidente pelo fato de que, hoje, o Facebook é uma empresa listada em bolsa de valores e seus acionistas querem saber, é claro, de lucro.
Além disso, manter algo na internet tem um custo que geralmente não é barato. Imagine então uma rede com mais de um 900 milhões de usuários ou um mecanismo de busca que atende bilhões de pessoas por dia. Para que isso não seja cobrado do usuário, a publicidade entra em campo, garantindo o suporte mínimo para que esses sites gerem lucro
As empresas que anunciam na internet contam com a customização das campanhas publicitárias, o que permite que elas cheguem o mais próximo possível do público que desejam. Mas essa facilidade usa como meio as nossas informações. É clássico, por exemplo, o caso dos anúncios do Gmail, onde, logo após enviar um e-mail, o Google nos mostra um anúncio que tem a ver exatamente com o assunto da mensagem enviada.
Mas então como utilizar estes sites sem que suas informações possam ser usadas de forma indevida? A resposta tem que ser dada pelo próprio internauta. Tanto nos serviços que utiliza – lembrando que eles são opcionais, quanto nas informações que o mesmo disponibiliza e para quem disponibiliza.
A questão não é simples e ninguém quer sair perdendo. Portanto, cuidado nunca é pouco sobre o que colocamos na internet. Quem está na chuva, se não utilizar guarda-chuva, vai se molhar. Para quem quer entender um pouco mais ou ter exemplos sobre o assunto, a dica é a Cartilha de Segurança do Comitê Gestor da Internet, que está disponível no endereço cartilha.cert.br/privacidade/
Cleverson Lima é acadêmico de Comunicação na PUCPR e sócio da agência Poolbliq Comunicação
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