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Presidente do Paraguai renuncia e quer assumir como senador

Presidente do Paraguai renuncia e quer assumir como senador

O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, renunciou nesta segunda-feira (28) a seu posto, meses antes de terminar seu mandato. A posse do recém-eleito Mario Abdo Benítez está marcada para dia 15 de agosto. Em comunicado breve, Cartes declarou que renunciaria para assumir já no dia 1º de julho o posto de senador, para o qual foi eleito em abril. “Ratifico meu propósito de seguir servindo nosso país e a nosso povo com dignidade e patriotismo desde o Poder Legislativo”, disse o texto do comunicado do presidente. As informações de Sylvia Colombo na Folha de S. Paulo

Isso, porém, precisa passar por uma aprovação do Congresso. E mesmo aprovada, pode ser levada para decisão da Corte Suprema. Até o fechamento desta edição, faltavam a Cartes dois votos no legislativo para sua saída ser aceita e discussão continua nos bastidores. As sessões que decidirão o futuro do mandatário ocorrem entre terça-feira (29) e quarta-feira (30 ).

Algumas organizações sociais começaram a chamar, via redes sociais, para uma marcha em Assunção contra Cartes, enquanto o futuro do presidente estiver sendo debatido pelos congressistas.

Segundo a lei paraguaia, ao deixar o posto de presidente, a pessoa se transforma em senador vitalício, um cargo praticamente apenas honorário. Como senador eleito, Cartes poderia seguir participando das decisões legislativas.

Há uma dúvida, também, sobre se esta movimentação é constitucional. É por isso que, mesmo aprovada no Congresso, pode ser impedida pela Justiça.

“A segunda razão é o fato de nos últimos dias o nome de Cartes ter vindo demasiado à tona com relação a seus vínculos com o escândalo Odebrecht. Ele está muito exposto. Se conseguir ser juramentado senador rapidamente, continuaria com foro privilegiado”, disse à Folha o jornalista e autor de uma biografia sobre Horacio Cartes, Chiqui Avalos.

Nos últimos meses, além do surgimento dos escândalos de corrupção, Cartes vinha de uma série de decepções com relação a seu partido, o Colorado.

Primeiro, ao ter sua tentativa de mudar a Constituição para concorrer à reeleição recusada por falta de apoio, depois, porque seu afilhado político, a quem queria que se candidatasse para ser seu sucessor, o ex-ministro da Economia Santiago Peña, foi preterido nas primárias do partido Colorado por Abdo, que representa uma ala mais conservadora e tradicional da agrupação.

Caso Cartes possa de fato renunciar, quem deve ocupar o cargo até a posse de Abdo será a ex-juíza da Corte Suprema e atual vice-presidente do país, Alicia Pucheta.

Ainda que por poucos meses, seria a primeira mandatária mulher da história do Paraguai.