da AMN
O país inteiro se prepara para combater o mosquito transmissor da dengue. A chegada das altas temperaturas e o registro do sorotipo 4, mas uma variação da doença, aumenta o risco de epidemia. Em Foz do Iguaçu, uma grande campanha popular, prevista para ter início no dia 28, promete mobilizar a população da cidade no combate ao Aedes Aegypt. Os alvos da estratégia inédita são os pátios e interior das residências, onde foram identificados 85% dos criadouros.
A estatística apontada pelo Centro de Controle de Zoonose (CCZ) mostra que os métodos tradicionais já não são suficientes para conter a doença. Os procedimentos, como a eliminação de água parada e a limpeza dos terrenos, ainda são fundamentais, e servem para reduzir os focos, porém, não são mais capazes de impedir a reprodução do mosquito.
A fêmea se tornou mais resistente e já não precisa exclusivamente de locais com água acumulada para depositar os ovos, que podem sobreviver por 300 dias. Diante disso é necessário buscar novas formas de combater a dengue. Uma delas foi encontrada em Foz. Serão distribuídos gratuitamente sprays de inseticida em todas as casas, lojas e fábricas.
“Nós não vamos esperar de braços cruzados. Vamos acabar com a fêmea do mosquito antes de depositar os ovos. Precisamos do apoio da população e nós vamos mostrar que o povo não se dobra para essa doença. Se conseguirmos eliminar o Aedes Aegypt, seremos exemplo para o país”, destacou o prefeito Paulo Mac Donald durante entrevista coletiva.
Mac Donald explicou que os produtos serão entregues pela multinacional Raid. O valor cobrado de cada unidade será de R$ 1,00 para cobrir impostos. O spray normalmente custa R$ 8,00 no mercado.
“Só quem viu enfermaria com pacientes com dengue sabe como as pessoas sofrem com esta doença. Esses sprays foram obtidos com um telefonema, e a multinacional submeteu a nossa solicitação á diretoria e depois de três dias confirmaram a doação”, destacou o prefeito.
Cerca de 300 soldados do Exército, voluntários dos Clubes de Serviço, funcionários públicos, entidades de classe, Pastoral da Criança, Hospital Ministro Costa Cavalcanti, mais equipes do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), SESC (Serviço Social do Comércio), universidades e associações de moradores participarão da iniciativa.
São esperadas cinco mil pessoas para realizar a distribuição dos produtos no dia 26 de novembro. Dois dias depois está programada a largada do Dia D contra o Aedes Aegypt. A partir das 21 horas, cada morador efetuará a pulverização da residência. A ação precisa ser realizada sempre no mesmo horário durante cinco dias para evitar que o mosquito permaneça no vizinho.
Além da divulgação nos veículos de comunicação, o prefeito confirmou que os Correios entregarão 75 mil panfletos e sacos de lixo também serão distribuídos. “Os pacientes com suspeita de dengue receberão o spray para evitar que o mosquito atue naquela área, depositando os ovos na casa dos vizinhos. É importante frisar que a participação da comunidade é fundamental, por isso peço a todos que se empenhem nesta luta”.
O prefeito ainda realizará um discurso oficial á população, que será veiculado em emissoras de radio e Tv. Peças de publicidade também chamarão atenção da comunidade para a campanha.
Ação da fêmea será monitorada
Segundo o coordenador da campanha, André Leandro, além da ação para evitar a proliferação do mosquito, o CCZ coordenará um monitoramento antes e depois da campanha. “O objetivo é medir a infestação para verificar os resultados e também saber em quais regiões há a necessidade de reforçar o combate ao Aedes Aegypt”, reforçou.
Hoje, o Ministério da Saúde prevê que a Lira (Levantamento de Índice Rápido de Infestação) deve ser no máximo de 1% nas cidades, ou seja, a cada 100 casas, apenas uma pode ter infestação. Em Foz, o índice é de 0,90.
“Não há risco de epidemia neste momento, a ação é preventiva, porque são as fêmeas que contaminam as pessoas, e não as larvas. Vamos atuar neste sentido”, acrescentou Leandro.
Informatização das unidades e capacitação de funcionários são aliados
O secretário de Saúde, Alexandre Kraemer, ressaltou que as equipes dos postos de saúde, UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e Hospital Municipal Padre Germano Lauck estão preparadas para atender os pacientes com suspeita de dengue ou até mesmo em estágio avançado da doença.
“Um grande aliado para impedir que tenhamos vítimas da doença é a capacitação das equipes. Médicos, enfermeiros e outros funcionários das unidades estão preparados. Outro aliado no diagnóstico da dengue é a informatização dos postos, que possibilitará em poucos minutos verificar se a pessoa contraiu a doença. O hospital também possui leitos específicos caso haja necessidade”, disse Kraemer.
Em novembro foram constatados 30 casos suspeitos e um foi confirmado. Nos primeiros dez meses deste ano foram registrados 6.834 casos da doença. Do total, 2.832
foram confirmados. No Paraná, um óbito já foi confirmado com a chegada do verão. A morte ocorreu em Londrina.
Foto: Tonico Lopes/AMN