Os prefeitos das cidades que terão jogos da Copa do Mundo de 2014 assumem em janeiro com mais dinheiro nos cofres para gastar em obras destinadas ou não à competição esportiva. Os municípios do Mundial incrementaram o valor destinado a investimentos na previsão orçamentária de 2013, além de contarem com repasses de dinheiro do governo federal e acesso a várias linhas de financiamento. No ano que vem, os recursos próprios dessas cidades para obras devem crescer 10% em relação a 2012 e chegar a R$ 19,9 bilhões. Além disso, já estão garantidos mais R$ 2,8 bilhões em transferências diretas da União ou por meio de financiamentos, totalizando R$ 22,7 bilhões em investimentos.
Apenas a título de comparação, no ano passado o governo paranaense conseguiu investir R$ 759,9 milhões em obras – só 3,3% do previsto pelas prefeituras da Copa.
Maior fatia
Dos R$ 22,7 bilhões, o PSB controlará a maior fatia de investimento municipal, R$ 6,5 bilhões (veja infográfico abaixo). A legenda ficou com o maior número de prefeitos de capitais dentre todos os partidos – cinco. E quatro deles são de cidades-sede da Copa. O partido é presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Após ter se fortalecido nas eleições deste ano, Campos já está sendo cotado para se lançar à Presidência em 2014, justamente no ano da Copa, quando as obras devem estar prontas.
O PT, que ganhou a eleição em São Paulo, deve ter em mãos R$ 6,3 bilhões para investimentos municipais, todos com recursos próprios. Com esse montante, fica na segunda posição nos investimentos.
Mas, na prática, os petistas terão mais recursos. O investimento total de R$ 22,7 bilhões leva em conta as obras de 11 das 12 sedes do evento da Fifa. Nessa conta não entram os gastos de Brasília, já que a capital federal não tem prefeito; ela é comandada pelo governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Também não foram considerados os investimentos previstos pelos governos estaduais – o que inclui a reforma e construção de estádios.
O PMDB, com a vitória no Rio de Janeiro, terá pelo menos R$ 4,8 bilhões. O PDT também vai gerir uma grande fatia do bolo: R$ 3,8 bilhões, referentes a três capitais, incluindo Curitiba. Gustavo Fruet terá R$ 713,5 milhões para obras em 2013.
Os oposicionistas ao governo federal – PSDB e DEM – vão comandar apenas duas cidades que receberão jogos em 2014: Manaus e Salvador, respectivamente. Na capital do Amazonas, os investimentos previstos para 2013 são de R$ 1,1 bilhão. A capital da Bahia tem o menor gasto previsto em obras – R$ 206,8 milhões.
Armadilhas
Para o especialista em estudos políticos e sociais Octaciano Nogueira, os altos valores dos investimentos podem esconder armadilhas. “Quando é feito um financiamento, é preciso pagar juros. Então é um ônus, não apenas um bônus. Se o prefeito consegue fazer uma obra e entregá-la, tudo bem. Mas, se não conseguir, será afetado por isso”, diz Nogueira que é professor aposentado da Universidade de Brasília.
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