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Precisamos mesmo de uma Marcha das Vadias?

Em 2011 realizamos em Curitiba a primeira Marcha das Vadias, buscando refletir sobre a culpabilização da mulher em casos de agressão sexual. Tivemos intensos debates sobre a validade do movimento, a polêmica do nome e a origem canadense da Marcha.

Discutimos sobre a participação das mulheres negras, sobre o caráter elitista do grupo, a participação masculina, o apoio às prostitutas, a causa LGBTT, o movimento feminista curitibano.

Mobilizamos virtualmente quase 30.000 pessoas em torno da discussão sobre a cultura de agressão sexual. Levamos mais de 1000 pessoas às ruas do centro de Curitiba, para reivindicar a autonomia no uso do próprio corpo e debater a violência que assola a nossa cidade. Durante todo o ano fomos às ruas, ocupamos a Boca Maldita, discutimos o machismo da política paranaense, nos manifestamos a favor da descriminalização do aborto e contra a banalização da violência sexual na TV.Comemoramos o Dia do Laço Branco, da Não-Violência, criamos campanhas de conscientização pelo fim da violência de gênero. Participamos da Conferência Municipal de Políticas Públicas para Mulheres e fizemos parte, juntamente com outros coletivos, da organização da Marcha das Mulheres do Campo e da Cidade.

No dia 08/03 marchamos por um mundo mais justo.Missão cumprida? Não, estamos muito longe disso. Os números da violência de gênero crescem a cada dia, no Brasil e em nossa cidade. No nosso país quase 2,1 milhões de mulheres são espancadas porano, sendo 175 mil por mês, 5,8 mil por dia, 4 por minuto e uma a cada 15 segundos. Em 70% dos casos, o agressor é uma pessoa com quem ela mantém ou manteve algum vínculo afetivo.

As agressões são similares e recorrentes, acontecem nas famílias, independente de raça, classe social, idade ou de orientação sexual de seus componentes. O Brasil é o 7° país do mundo que mais mata mulheres. O Paraná é o 3º estado no ranking e Piraquara é a 2º cidade brasileira com maior número de assassinatos de mulheres.

O Paraná é o segundo estado mais homefóbico do país. Em Curitiba a cada 1 dia e ½ uma pessoa LGBT é brutalemente assassinada. Em 2011, no Paraná, mais de 17 mil mulheres foram agredidas e mais de 4 mil foram vítimas de crime sexual. Em 2012, quase 5 mil mulheres foram vítimas de violência. Em Curitiba, 115 mulheres foram assassinadas em 2011 e 30 mulheres foram mortas no início de 2012.

Sabemos que estes números são ainda maiores, pois muitas vítimas não denunciam seus agressores. E são assustadores, poisa maioria das agressões (física, sexual, psicológica) ocorrem em casa e que desde criança estamos sujeitas a elas.
Criamos uma sociedade que tolera a violência e que atribui a culpa à própria vítima.

É essa cultura machista que queremos transformar. Lutamos para que a mulher deixe de ser vista como um mero objeto e passe a ser vista como uma pessoa, com direitos e vontades.

Para que isso seja possível, precisamos de políticas públicas voltadas à saúde, educação e segurança, além de um amplo debate com toda a sociedade. Este é o primeiro passo para que possamos finalmente reverter esse quadro.

Por isso acreditamos que precisamos, sim, levar as Vadias novamente às ruas, para mais uma vez mostrar à toda a cidade que não iremos nos calar.

MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS

AGRESSÃO SEXUAL: A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA

Saída dia 14 de julho ás 11h passeio público

http://www.facebook.com/events/159844504145973/