“A estrutura hospitalar do Paraná é robusta. Nossa estratégia, sob orientação do governador Ratinho Júnior, era colocar as unidades para funcionar. Nossa linha de ação no Governo é justamente a regionalização”
O secretário estadual de Saúde, Beto Preto, reforça que o combate e enfrentamento ao coronavírus no Paraná está na ampliação de leitos de UTI e na regionalização do atendimento, uma estratégia que sempre esteve no planejamento do Estado no setor. “Nossa linha de ação no governo é justamente a regionalização. Por um lado, a vinda do coronavírus também antecipou esta lógica, que já vínhamos colocando em prática. Com isso, optamos por ampliar o número de leitos nas estruturas existentes, colocando para rodar hospitais que estavam parados, que nunca atenderam um paciente”, disse Beto Preto nesta entrevista exclusiva a ADI/Paraná.
“Neste momento, enquanto não tivermos a redução da curva, ainda não podemos flexibilizar o retorno. Diariamente monitoramos este cenário e, sem sombra de dúvida, quando a curva sinalizar para uma queda, o governo vai viabilizar o retorno gradativo das atividades”, adianta Beto Preto. Veja a seguir os principais trechos da entrevista.
ADI/PR – Qual a avaliação que o senhor faz dos 60 dias do início da pandemia no Paraná?
Beto Preto – O Paraná, antes mesmo de termos o primeiro caso confirmado, já havia instituído o Centro de Operações Especiais (COE) para traçar estratégias no enfrentamento da Covid-19. Somos um dos primeiros estados a lançar mão deste instrumento. A partir daí, também preparamos um cronograma de ações, que nos colocam hoje numa situação um pouco mais equilibrada do que outras localidades.
ADI/PR – E quais seriam estas ações?
Beto Preto – A estrutura hospitalar do Paraná é robusta. Nossa estratégia, sob orientação do governador Ratinho Júnior, era colocar as unidades para funcionar. Nossa linha de ação no governo é justamente a regionalização. Por um lado, a vinda do coronavírus também antecipou esta lógica, que já vínhamos colocando em prática. Com isso, optamos por ampliar o número de leitos nas estruturas existentes, colocando para rodar hospitais que estavam parados, que nunca atenderam um paciente, como é o caso do Regional de Telêmaco Borba, e antecipamos as obras como os de Ivaiporã e Guarapuava, previstas para finalizar o ano que vem. Todo este incremento também acontece nos quatro hospitais universitários (Londrina, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa), ofertando mais leitos de UTI. Esta estratégia deixa um legado para a rede de saúde do Paraná.
ADI/PR – E hospitais de campanha não estão na pauta do governo?
Beto Preto – Não. Pelo menos neste momento não estamos trabalhando com esse planejamento. Como disse, nossa lógica é outra, aprimorar aquilo que temos, ampliando leitos na rede, com um custo muito menor e uma efetividade muito maior. Todas as decisões são feitas na estrita legalidade. E isso passa pela ação coordenada, já com o mapeamento das necessidades e da própria oportunidade de reforçarmos as estruturas. Quando lançamos o projeto de leitos específicos para o enfrentamento da covid-19, desenhamos de imediato 317 leitos. Hoje já temos mais de 560 leitos instalados, prontos, em todas as regiões do Paraná e podemos chegar a 1.200.
ADI/PR – Em relação ao número de casos? Como o senhor avalia a nossa realidade?
Beto Preto – Temos no Paraná hoje uma situação equilibrada e continuamos em alerta. Não temos como dizer que estamos confortáveis, porque já tivemos mortes, e cada um delas é um ente querido que se foi, uma família que chora a sua ausência, uma comunidade enlutada. Mas conseguimos, ao mesmo tempo, com planejamento e estratégia bem clara, segurar o avanço da doença. Veja, o Paraná tem uma ampla divisa com São Paulo, que é o epicentro da pandemia. Temos também divisa com Santa Catarina, que temos um grande número de caso. Fizemos bloqueios epidemiológicos nas estradas, verificando e monitorando o trânsito das pessoas. Isso tudo nos ajudou a chegar aqui com um cenário menos dramático que outras localidades.
ADI/PR – E a população entendeu a mensagem?
Beto Preto – Sim, os paranaenses estão sendo muito colaborativos neste sentido. O isolamento domiciliar, o distanciamento social ainda são os nossos únicos aliados, porque não temos vacina, não temos medicamento para o combate ao coronavírus. Claro que o governador Ratinho está sensível ao que estamos vivendo. Sabemos que a atividade econômica está sofrendo, que educação também foi paralisada, enfim, muitos setores estão dando sua contribuição e fazendo sacrifícios. Mas neste momento, enquanto não tivermos a redução da curva, ainda não podemos flexibilizar o retorno. Diariamente monitoramos este cenário e, sem sombra de dúvida, quando a curva sinalizar para uma queda, o governo vai viabilizar o retorno gradativo das atividades.
ADI/PR – Como bloquear então a evolução do vírus, além destas medidas que o senhor mencionou?
Beto Preto – Fazendo testes na população para traçarmos o perfil epidemiológico. Testar em quantidade. Nisso temos que citar o excelente trabalho feito pelo nosso Laboratório Central do Estado (Lacen). Passamos de 200 testes processados ao dia para mais de 600, do padrão RT-PCR, que é considerado o padrão ouro. Além disso, em parceria com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), juntamente com o Tecpar, estamos ampliando para mais de 5 mil testes ao dia. Ou seja, tudo isso nos coloca numa posição de enfrentamento da epidemia com muita assertividade.
ADI/PR – Outra situação que o Estado vem enfrentando é a dengue. Qual é o panorama?
Beto Preto – Estamos vivendo talvez a maior epidemia de dengue que o Paraná já teve. Mas temos que dizer que estamos diante de um novo sorotipo do vírus, que é o sorotipo 2. E os paranaenses não têm imunidade ainda. E isso fez com que o número de casos se elevasse. Essa falta de imunidade adquirida também nos coloca neste cenário mais crítico. Apenas a remoção do criadouro do mosquito é a forma de evitar a sua proliferação. Quero relatar experiências exitosas nesse enfrentamento. Nos municípios de Quinta do Sol, Nova Cantu, Florestópolis fizemos um grande trabalho e que baixaram drasticamente os índices, numa ação integrada da Sesa com as equipes locais de saúde, num grande trabalho de remoção mecânica dos focos e dos criadouros. Neste período da pandemia, também fica a nossa orientação para que não descuidem da dengue e que verifiquem se há acúmulo de água em casa.
Olhos
“Passamos de 200 testes processados ao dia para mais de 600, do padrão RT-PCR, que é considerado o padrão ouro”.
“Temos no Paraná hoje uma situação equilibrada. Não temos como dizer que estamos confortáveis, porque já tivemos mortes, e cada um delas é um ente querido que se foi, uma família que chora a sua ausência, uma comunidade enlutada”
“Os paranaenses estão sendo muito colaborativos. O isolamento domiciliar, o distanciamento social ainda são os nossos únicos aliados, porque não temos vacina, não temos medicamento para o combate ao coronavírus”.
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