Reportagem da Folhapress destaca que diante dos sinais de que integrantes da base aliada para atrapalhar o surgimento de novos partidos, PPS e PMN anteciparam o processo de fusão para a próxima quarta-feira.
Inicialmente, a possibilidade de união entre os dois partidos estava sendo discutida para ocorrer apenas no meio do ano.
A decisão de se antecipar ocorreu hoje em Brasília, após integrantes do diretório nacional do PPS em Brasília aprovarem a fusão e acertarem os detalhes para a realização de um Congresso Nacional do partido na próxima semana. Na ocasião, deverá ser feita a oficialização da união.
A ansiedade pelo “casamento” fez com que a assessoria jurídica da legenda tivesse que encontrar uma brecha no próprio estatuto que previa que um Congresso só poderia ocorrer com convocação de 15 dias de antecedência.
De sua parte, a secretária-geral do PMN, Telma Ribeiro, passou o dia em um hotel de Brasília disparando telefonemas e e-mails avisando os seus correligionários sobre o encontro da próxima quarta-feira. Até a semana passada, Telma Ribeiro trabalhava com a possibilidade de fazer as consultas finais no dia 5 de maio.
A ação conjunta dos dois partidos tem como objetivo se adiantar a uma possível aprovação do projeto, que tramita no plenário da Câmara, e determina que uma nova legenda só poderá contar com tempo de TV e o fundo partidário após passar por uma eleição para a Câmara dos Deputados.
Na noite da última quarta-feira (10), integrantes do PT e PMDB articularam nos bastidores para aprovar um requerimento que acelerava a votação do projeto. A medida foi tomada sem o conhecimento da maioria dos líderes partidários, o que gerou revolta por parte do PSB, PSDB, PPS e PV no plenário. A proposta acabou não sendo aprovada.
Após admitir o erro, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), anunciou que o projeto será colocado em votação na próxima terça-feira, véspera da possível fusão entre PPS e PMN. Para que entre em vigor, o projeto precisa, depois de passar pela Câmara, ser votado pelo Senado.
“A manobra pegou o pessoal desconcertado. Percebe-se que se trata de um interesse casuístico”, disse Telma Ribeiro.
“Quem está com o cronometro na mão é o governo. É agora ou nunca”, disse ex-deputado e membro da Executiva do PPS, Raul Jungmann.
Caso se confirme a fusão na próxima quarta-feira, deverá ser aberto um prazo de 30 dias para que os políticos mudem para o partido sem o risco de perder o mandato. Esse período também é conhecido como “janela”.
O nome mais contado hoje da nova legenda é o MD (Mobilização Democrática), o mesmo registrado em 2006 quando as duas legendas, mais o PHS, ensaiaram uma primeira união.
Com a criação da janela, a expectativa de parte dos integrantes do PPS é que o ex-governador José Serra deixe o PSDB para fazer parte da nova legenda.
Serra participou ontem de evento promovido pelo PPS onde defendeu a união de forças da oposição contra possível candidatura de Dilma à reeleição.
Outra hipótese discutida é o apoio à possível candidatura à Presidência de Eduardo Campos (PSB) ou até mesmo de Marina Silva, que tenta criar o Rede Sustentabilidade.
Também está no radar do novo partido a adesão de parlamentares descontentes com as atuais legendas. Hoje o PPS conta com 10 deputados e o PMN com três. A expectativa é que a nova bancada na Câmara chegue a pelo menos a 20 deputados.
O comando do partido deve ser destinado o atual presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP).
Como parte do estatuto estuda-se, entretanto, que se divida, meio a meio, as presidências estaduais e municipais. E onde tiver o presidente de um dos partidos, ele não contará com a maioria dos membros.
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