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PP se mantém na base de Dilma, mas libera dissidentes para votar no impeachment

PP se mantém na base de Dilma, mas libera dissidentes para votar no impeachment

Horas antes do início da leitura do relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) na comissão do impeachment pedindo o afastamento da presidente Dilma Rousseff, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), anunciou nesta quarta-feira a permanência do partido na base aliada. Ele disse que “mais de 40” dos 57 deputados e senadores progressistas concordam com a manutenção do apoio à Dilma. Os demais, afirmou, estão liberados para votarem a favor do impeachment. A informação foi antecipada pelo colunista Ilimar Franco do blog Panorama Político. As informações são de Evandro Éboli, Simone Iglesias e Isabel Braga n’O Globo

No entanto, parlamentares do PP que defendem o rompimento da legenda com o governo divulgaram depois uma nota em que cobram a realização da reunião do Diretório Nacional para decidir sobre a questão. Na nota, o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) diz que 22 deputados e 4 senadores assinaram o documento de convocação da reunião do Diretório Nacional e afirmam que a reunião feita na manhã de hoje não valeu para essa finalidade.

” Nós temos que deixar bem claro que o que nós estamos aguardando é a marcação de uma reunião do Diretório Nacional, de maneira extraordinária, porque conseguimos mais de um terço de assinaturas, conforme prevê o estatuto, para que ela seja convocada e decidir a permanência ou a saída do governo”, disse Jerônimo. O deputado Júlio Lopes (PP-RJ) contestou o levantamento interno apresentado por Ciro, de que mais de 40 dos 57 deputados e senadores da sigla não concordam em romper com Dilma. “A avaliação do presidente está equivocada. A votação do impeachment traduzirá isso muito claramente. Ele não terá os votos que está dizendo que tem a favor do governo”, disse Lopes.

Mais cedo, Nogueira anunciou o cancelamento da reunião da direção partidária com as bancadas da Câmara e do Senado que estava marcada para a tarde desta quarta-feira.

— A tendência pelo rompimento só existiu na cabeça de alguns (…) Não vamos repetir o mesmo erro do PMDB — ironizou o dirigente.

Ciro disse que, apesar de se manter na base de apoio, os progressistas não estão autorizados a negociar ministérios e cargos com o Palácio do Planalto.

— Não vamos mais discutir rompimento com o governo até o final da votação do impeachment. O PP não negocia nenhum cargo, nem assume nenhum cargo até o fim desta votação. Nenhum membro do partido está autorizado, nem mesmo o seu

presidente, a discutir a participação no governo Dilma ou num eventual governo Temer. Não deixamos a menos margem para essa discussão — afirmou.

No entanto, disse Ciro, as negociações ocorrerão após a votação do processo de impeachment no plenário da Câmara:

— Isso é natural, se fazemos parte da base, é natural indicarmos membros. É a coisa mais natural do mundo. Em qualquer lugar do mundo onde há governo de coalizão é assim que funciona.

Na nota, os deputados repudiam o anúncio feito pelo presidente nacional da legenda, Ciro Nogueira (PI), de que,por maioria, o PP decidiu permanecer na base do governo Dilma.

Levantanto do GLOBO com os 65 integrantes da comissão mostra que o cenário ainda é imprevisível e que a disputa é voto a voto. Ainda faltam orientações partidárias e posições vêm sendo alteradas com a atuação do governo sobre algumas

legendas, mas a oposição já reúne 30 votos a favor do afastamento de Dilma e está a três de formar maioria. Precisa, para isso, ganhar adeptos entre os 17 deputados que se declararam indecisos. Outros 18 se manifestaram contra a continuidade do processo.

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