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Por um novo Brasil

A fissura no PMDB só interessa à velha política, aos malandros que denigrem a imagem daqueles que querem um projeto para o novo Brasil que já podemos avistar num horizonte próximo. Por isso louvo a participação institucional do partido no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A coalizão significa uma cruzada contra o fisiologismo e a inauguração de uma nova relação republicana entre partidos políticos e governos baseada em princípios programáticos.trecho do artigo de João Arruda. Leia-o na íntegra em Reportagens.

Por um novo Brasil

Por um novo Brasil

João Arruda

O PMDB nacional começou a dar passos largos e decisivos rumo à participação de um governo de centro-esquerda, ao aprovar em suas instâncias a tese da coalizão, deixando para trás um histórico de indefinições e divisões internas que sempre caracterizaram a legenda ao longo das últimas décadas – e as lutas intestinas regionais – em detrimento de um projeto de desenvolvimento ao país crível de execução. Por falta de uma unidade de ação, de uma bandeira e de um norte político, setores do partido passeavam com desenvoltura nos corredores do fisiologismo à procura de cargos e de benefícios para sua base de atuação, o que garantia a permanência o status quo e o privilégio do indivíduo ante o coletivo.

A fissura no PMDB só interessa à velha política, aos malandros que denigrem a imagem daqueles que querem um projeto para o novo Brasil que já podemos avistar num horizonte próximo. Por isso louvo a participação institucional do partido no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A coalizão significa uma cruzada contra o fisiologismo e a inauguração de uma nova relação republicana entre partidos políticos e governos baseada em princípios programáticos.

O partido acerta ao tomar o leme para conduzir uma legião de brasileiros e brasileiros, de maneira coesa, rumo à construção de um Brasil mais justo e fraterno. É bom frisar que o PMDB é a agremiação que mais elegeu deputados federais em 2006 e possui o maior número de prefeitos em todo o país e, por isso mesmo, tem uma enorme responsabilidade diante da Nação e com a edificação de um projeto que devolva uma perspectiva concreta de vida mais digna aos cidadãos.

Acredito que a coalizão de centro-esquerda costurada pelo presidente Lula – que engloba um leque de partidos jamais visto antes – resultará na implantação de políticas públicas que ainda estão adormecidas no Congresso Nacional em razão da fragilidade na base de apoio da atual gestão. Com a institucionalização da cooperação do PMDB é mais provável que as reformas que o país realmente necessita deslanchem e que o presidente da República consiga definitivamente implementar um projeto de Nação soberano, voltado ao desenvolvimento econômico equânime aos setores que compõem a sociedade brasileira.

Com a entrada do PMDB na coalizão, o presidente Lula terá as condições políticas que nenhum outro presidente teve desde a redemocratização do país. E é neste contexto de oportunidades que o Brasil poderá experimentar um período de prosperidade e bem-estar material coletivo. Uma gestão de governo identificada com as demandas sociais reprimidas, com certeza, carecerá de uma continuidade a partir de 2011.

O presidente Lula não poderá disputar novamente a presidência, em 2010, por força da legislação eleitoral. Terá de fazer uma opção ou pela continuidade de sua administração – reflexo da coalizão de centro-esquerda que se desenhou – ou então triunfará o rompimento com um modelo que entrará em gestação nos próximos quatro anos – o do novo Brasil.

A continuidade política implicará, necessariamente, na preparação de um substituto à altura da tarefa que tenha um perfil parecido com o de Lula e que possua trânsito nos setores de centro-esquerda no Brasil e na América Latina. E essa tarefa, se bem conduzida as articulações futuras, poderá caber ao PMDB por meio do governador do Paraná Roberto Requião. Ele reúne as três condições básicas e objetivas para tal missão: experiência administrativa, sensibilidade social e relação fraternal com os presidentes latino-americanos, que também se contrapõem ao neoliberalismo econômico.

Por fim, as relações institucionais entre os partidos e os governos, no geral, são fundamentais para o êxito de um projeto nacional e para o surgimento do novo Brasil que tanto almejamos. Elas (as relações institucionais) são um grito de independência frente à fisiológica disputa por cargos e à prática cultural do “se dar bem” pessoalmente.  Por isso a participação do PMDB na coalizão é um ato republicano de grande valia para o fortalecimento da democracia e uma prova de amadurecimento político da própria sociedade brasileira.

* João Arruda é dirigente do PMDB do Paraná e presidente da JPMDB.