Folha de S. Paulo
O doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal sob acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões, teve uma nova prisão preventiva decretada por crimes que teria cometido no final da década de 1990.
Ele foi preso sob acusação de abrir 43 contas bancárias em nome de “laranjas” em Londrina entre 1998 e 1999, as quais movimentaram R$ 346 milhões, segundo acusação do Ministério Público Federal do Paraná. Yossef é acusado de evasão de divisas, corrupção ativa e gestão fraudulenta de instituição financeira.
As contas foram usadas para operações que envolviam remessas ilegais de recursos. A acusação de corrupção deve-se ao fato de que o doleiro contou que pagou para um gerente do Banestado para abrir as contas em nome de laranjas.
Os processos antigos de Youssef, abertos durante o caso Banestado (2003-2007), foram reabertos agora porque ele é acusado de ter quebrado o acordo de delação premiada que fez em 2004. No acordo, o doleiro dissera que contaria o que sabia sobre a sua clientela em troca de uma pena menor.
Todas as acusações são baseadas em confissões feitas pelo doleiro durante o acordo de delação premiada. O doleiro entregou alguns políticos ligados ao então governador do Paraná, Jaime Lerner, mas preservou clientes importantes, segundo interpretação de procuradores.
Zavascki havia suspendido as 12 prisões decretadas no curso da Operação Lava Jato na noite do último domingo (18), mas no dia seguinte voltou atrás após um pedido de explicação do juiz federal Sérgio Moro.
No pedido enviado ao Supremo, o juiz relatou que havia risco de fugas dos doleiros, já que eles têm recursos abundantes no exterior, e que entre eles havia um grupo acusado de envolvimento com o tráfico de 750 quilos de cocaína para a Espanha.
Youssef ficou enfurecido com o novo decreto de prisão, segundo advogados ouvidos pela Folha que estiveram na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, na tarde desta terça-feira (20).
O doleiro e os outros presos haviam feito festa nesta segunda-feira quando receberam a notícia de que o Supremo resolvera soltar todos. No dia seguinte, Youssef recebeu duas notícias negativas ao mesmo tempo: o ministro mudara de opinião e manteve as prisões e a Justiça decretara uma nova prisão preventiva contra ele.
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