Por Ricardo Kotscho
“Quero acabar logo com essa agonia”.
A declaração acima, atribuída à presidente afastada Dilma Rousseff na capa da revista Veja desta semana, leva à pergunta do título da coluna, que a maioria dos brasileiros gostaria de fazer neste momento: por que a própria Dilma não acaba logo com esta agonia?
Segundo a revista, o desabafo teria sido feito por Dilma ao presidente do Senado, Renan Calheiros, e por ele transmitida ao presidente interino Michel Temer, durante jantar no Palácio do Jaburu, na última terça-feira.
“Renan Calheiros disse a Temer que a petista jogou a toalha e admitiu não ter mais chances de impedir a aprovação do impeachment no Senado”, escreve a revista.
Até o momento em que comecei a escrever este texto, no final da tarde de sábado, a afirmação da revista não tinha sido desmentida.
Desde a aceitação do processo de impeachment contra Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em dezembro do ano passado, o País está parado à espera de uma definição para saber quem vai ficar na Presidência da República até 2018.
Dilma poderia ter acabado com essa agonia se tivesse renunciado no dia seguinte à sua acachapante derrota na Câmara, em que não conseguiu sequer um terço dos votos para evitar a abertura do processo.
Ou quando o Senado aprovou a instalação do processo, também por ampla maioria de votos.
Nas duas ocasiões, Dilma já poderia ter acabado com essa agonia. Bastaria apresentar uma carta-renúncia reconhecendo que tinha perdido as condições para governar o País.
Isolada no Palácio da Alvorada, sem apoio no Congresso Nacional, rejeitada pela grande maioria da população, como demonstram todas as pesquisas, abandonada pelos aliados, Dilma parece preocupada unicamente com sua própria biografia, para poder dizer que lutou até o fim, mas foi vítima de um golpe parlamentar.
Como quase todo mundo que conheço, eu estou mais preocupado é com o futuro da minha família e de 200 milhões de brasileiros.
Com a economia em frangalhos pelo segundo ano seguido e mais de 11 milhões de desempregados, investimentos e projetos paralisados, as vítimas, na verdade, somos todos nós, só esperando o julgamento final do impeachment no Senado, previsto para o final de agosto, para saber o que vai acontecer com o nosso País. Por que esperar tanto? Tanto tempo perdido para quê?
Vida que segue.
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