Por Euclides Lucas Garcia, na Gazeta do Povo:
Passados oito meses desde o início das gestões da presidente Dilma Rousseff (PT) e do governador Beto Richa (PSDB), ambos contam com a aprovação de mais da metade dos paranaenses. Além disso, cerca de 80% dos moradores do estado avaliam as duas administrações como ótima/boa ou regular. No entanto, apesar dos bons índices, mais de 70% dos entrevistados não souberam dizer ou não citaram nenhuma realização dos chefes do Executivo federal e estadual até agora. É o que aponta um levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas com exclusividade para a Gazeta do Povo.
Sucessora de um presidente que deixou o cargo com aprovação de quase 90% – Lula saiu do Palácio do Planalto com números considerados recorde mundial –, Dilma é aprovada por cerca de 62% dos paranaenses, contra pouco mais de 33% que a desaprovam. Quanto à avaliação do governo da petista até aqui, 44,7% consideraram a gestão ótima ou boa; 33,6%, regular; e 19,1%, ruim ou péssima.
Já Richa alcançou índices melhores: 72,4% de aprovação, contra desaprovação de 20,6%. A administração do tucano até agora é considerada ótima ou boa por 56,1% dos paranaenses; regular por 27,1%; e ruim ou péssima por 11,7%.
Análise
Para o cientista político Ricardo Costa de Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UPFR), os números da pesquisa podem ser considerados positivos nos dois cenários. Em relação a Dilma, ele ressalta que, mesmo tendo sido derrotada no Paraná na eleição que a elegeu presidente, a petista obteve números de aprovação elevados. “São índices acima da capacidade eleitoral que ela teve no estado. É um começo de mandato em que ela tem conseguido manter uma agenda positiva e uma rejeição baixa, apesar de alguns escândalos no governo”, avalia.
“A rejeição ao petismo no Paraná ainda é razoável. Mas me parece que a Dilma tem conquistado a simpatia dos paranaenses, mesmo dos que não votaram nela, por se diferenciar do Lula em alguns aspectos”, destaca o cientista político Mário Sérgio Lepre, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). “Ela, por exemplo, não carrega a aura do populismo, do Bolsa Família; e passou a impressão de que não é conivente com a corrupção. Isso está dando pontos a ela no estado.”
Efeito
Analisando os números de Richa, Lepre afirma que o carisma do tucano e o desgaste deixado pela gestão peemedebista de Roberto Requião e Orlando Pessuti ajudam a explicar o resultado da pesquisa. “O Pessuti e, principalmente, o Requião saíram muito desgastados do governo. Inevitavelmente, o eleitor faz essa comparação e, como ainda estamos em início de mandato, a imagem do Beto como um cara simpático ainda conta bastante”, argumenta.
Já Ricardo Oliveira destaca que a alta popularidade que Richa carrega do período em que foi prefeito de Curitiba reflete, ao menos por enquanto, nos números do tucano como governador. “Além disso, o quadro socioeconômico positivo do país, com geração de emprego e renda, beneficia os governadores em geral”, afirma.
Vários governos estaduais e municipais gastam muito com publicidade/propaganda e são bem avaliados por essas pesquisas que volta e meia aparecem por aí. Quando se vai ver mais a fundo, são os que menos investem em políticas públicas (educação, saúde, habitação, transporte coletivo, creches etc.). Bons índices nas pesquisas nem sempre significam bons governos, do ponto de vista da maioria da população. Significam, sim, investir além da conta em propaganda/publicidade, desviando dinheiro de investimentos mais úteis para a população.