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Ponte da Amizade, que ajudou a consolidar o Mercosul, completa 48 anos

Christian Rizzi
Gazeta do Povo

Embora reconhecessem o potencial e a importância da obra, poucos dos que em 27 de março de 1965 acompanharam a inauguração da Ponte Internacional da Amizade poderiam imaginar que ela se transformaria em uma das estruturas mais icônicas do processo de integração entre Brasil e Paraguai e do próprio Mercosul. Inaugurada pelos presidentes Castelo Branco e Alfredo Stroessner, a ponte é uma testemunha das mudanças que os dois países enfrentaram nos últimos 48 anos.

Brasil e Paraguai eram ditaduras na época em que a ponte foi inaugurada. Ela acompanhou incólume ao processo de redemocratização dos dois países e por diversas vezes se transformou em palco para protestos, para tragédias, mas principalmente para alimentar o desejo consumista e o sonho de brasileiros ávidos por novidades e pelas sensações tecnológicas que as milhares de lojas de Cidade do Leste oferecem. O movimento sacoleiro chegou a ser classificado pelo então presidente Fernando Collor de Mello como o principal responsável pelo processo de modernização do Brasil.

São poucas as estruturas de caráter puramente funcional que, na história dos dois países, alcançaram tanto status e admiração. Os desafios que historicamente acompanham a Ponte da Amizade, como de ser porta de entrada de veículos furtados no Brasil ao Paraguai e de ser rota de contrabando de drogas e armas no caminho inverso, são menores que os trunfos que acumula. Ela também já foi palco de apresentações culturais e de exibições nas quais o homem supera limites, mas sua principal virtude talvez seja de integrar e de estabelecer vínculos comerciais e de solidariedade entre brasileiros e paraguaios.

História – A origem da Ponte da Amizade remonta a maio de 1956, quando os governos do Brasil e do Paraguai assinaram decreto para a execução da obra. Na época, feita em concreto armado com 553 metros de comprimento e sustentada por um arco 290 metros de vão livre, ela era um marco da engenharia dos países parceiros. Para que a obra ficasse pronta foram necessários 43 mil metros cúbicos de concreto, 14 mil toneladas de cimento, 2,9 mil toneladas de aço e 50 toneladas de prego, entre outros.

Mil homens trabalharam de 1962 ao início de 1965 para finalizar o empreendimento. Agora, 48 anos mais tarde, o Codefoz, Conselho de Desenvolvimento de Foz, elege a revitalização da ponte como uma de suas primeiras ações. Apesar de sua importância, ela não suporta mais o crescente movimento de compristas e de viajantes que diariamente circulam pela região de fronteira. O desafio é a construção de uma segunda ponte internacional, estaiada e com 720 metros de extensão, que ligará a região do Porto Meira a Presidente Franco.