O Podemos expulsou o deputado Marco Feliciano (SP). A decisão foi tomada pelo comando da legenda em São Paulo por oito votos a zero e foi comunicada ao parlamentar pelo presidente estadual do Podemos, Mario Covas Neto. A denúncia que originou a expulsão de Feliciano cita uma série de acusações. Entre elas, estão os gastos de R$ 157 mil referentes a um tratamento odontológico reembolsados pela Câmara, caso revelado em agosto pelo Estado. As informações são de Daniel Weterman no Estadão.
“Parece-nos importante destacar que entendemos por desproporcional e pouco recomendado que em pleno ano de 2019 um parlamentar ainda se utilize de recursos públicos para fins particulares, vide o caríssimo tratamento (dentário) feito pelo representado e pago com dinheiro do povo”, diz parecer do Conselho de Ética do partido.
O deputado terá três dias para recorrer à Executiva Nacional do partido se quiser reverter a decisão. A expectativa entre dirigentes da sigla, no entanto, é que ele aceite sair da legenda. Como foi expulso por decisão do Podemos, Feliciano não perde o mandato, a menos que haja uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que não deve acontecer.
A Executiva Nacional do partido destacou que terminado o processo de avaliação do diretório estadual, para ser formalmente concluído é necessário, segundo o estatuto, que o diretório nacional confirme a decisão, o que deve ocorrer.
A saída forçada de Feliciano acontece dentro da estratégia do Podemos de se afastar do “bolsonarismo” e se firmar como a sigla da Lava Jato. O partido tem atraído parlamentares da centro-direita descontentes com o governo e, só no Senado, passou de cinco para dez parlamentares nos últimos meses – a segunda maior bancada. Feliciano é um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro na Câmara.
Além de apoiar a eleição de Bolsonaro, contra o candidato do seu partido, o senador Álvaro Dias, ele costuma acompanhar o presidente em compromissos oficiais.
Alguns deputados e senadores, citam fontes da legenda, condicionam a negociação de migração para a legenda à saída do deputado dos quadros do Podemos. Além do apoio a Bolsonaro, acusações de assédio sexual, recebimento de propina e pagamento a supostos funcionários foram citados como justificativas para a expulsão.
Marco Feliciano diz que é um ‘orgulho’ ser expulso por apoiar Bolsonaro
Procurado pela reportagem para comentar a decisão do partido, Marco Feliciano, que está em viagem oficial na África com o chanceler Ernesto Araújo, afirmou, em nota, que é um “orgulho” ser expulso do partido por apoiar o presidente Bolsonaro. Ele disse que irá aceitar a decisão do Podemos, mas a expulsão foi um “processo de exceção” e que não foi intimado a se defender.
“Os motivos elencados pelo partido para me expulsar são todos mentirosos. Afinal, se fossem verdade, teriam que expulsar quase todos os deputados federais, pois como eu pediram à Câmara ressarcimento de gastos em saúde”, afirmou. “Jamais cometi qualquer irregularidade na minha vida pública”, disse.
Leia a nota do deputado Marco Feliciano
Em relação a minha expulsão do Podemos, assim me manifesto:
1 – Ser expulso de um partido por apoiar o presidente Bolsonaro é para mim motivo de orgulho. Por isso aceito a decisão.
2 – Contudo, saliento que se tratou de um processo de exceção, onde sequer fui intimado a me defender.
3 – Os motivos elencados pelo partido para me expulsar são todos mentirosos. Afinal, se fossem verdade, teriam que expulsar quase todos os deputados federais, pois como eu pediram à Câmara ressarcimento de gastos em saúde.
4 – Nesse sentido, afirmo que jamais cometi qualquer irregularidade na minha vida pública, e quem disser ao contrário será devidamente processado civil e criminalmente.
5 – Por fim, deixo claro que tudo isso é uma trama do presidente estadual do Podemos, Mário Covas Neto, que colocou o partido a reboque dos interesses de seu parente Bruno Covas.
Dacar, Senegal, em 9/12/2019.
Deputado Marco Feliciano.
Vice-Lider do Governo no Congresso Nacional.
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