O PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país, ficou estagnado em 2014, com ligeira expansão de 0,1%, para R$ 5,52 trilhões. Trata-se do mais fraco resultado desde a retração de 0,2%, registrada em 2009, em meio à crise global.
O resultado é inferior ao de 2013, revisado para cima em 2,7% pelo IBGE –os dados apontavam para alta de 2,5% no período originalmente. As informações foram apresentadas na manhã desta sexta-feira pelo IBGE.
Os dados são próximos a expectativa de 17 economistas ouvidos pela Bloomberg, que esperavam variação nula do PIB em 2014 quando considerado o centro das apostas (mediana).
“Vimos o resultado de 2014 como quase uma estabilidade da economia, com uma contribuição menor do consumo para o resultado e um peso negativo dos investimentos”, disse Rebecca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Os números foram beneficiados em parte por uma revisão metodológica recomendada pela ONU e adotada pelo IBGE, que incluiu mais itens na produção nacional –como despesas em inovação.
Após a divulgação do resultado do PIB, o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, às 9h28, subia 0,53%, a R$ 3,21. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, continua oscilando muito e, às 9h29, começou a registrar alta de 0,12%, a R$ 3,21.
QUARTO TRIMESTRE
O cenário mais hostil se intensificou no quarto trimestre, quando a economia encolheu 0,2% frente ao mesmo trimestre do ano anterior. Projeções de 38 economistas consultados pela Bloomberg apontavam queda de 0,7% no mesmo período.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2014 houve expansão de 0,3% –pouco acima do 0,2% do terceiro trimestre. A previsão de 38 economistas consultados pela Bloomberg era de queda de 0,1%.
Do terceiro para o quarto trimestre do ano passado, o crescimento se deu por causa da expansão de agropecuária (1,8%) e serviços (0,3%).
Já a indústria recuou 0,1%. Do lado da demanda, os investimentos foram novamente o destaque negativo, com queda de 0,4%. O consumo das famílias cresceu 1,1%.
INVESTIMENTOS TÊM QUEDA NO ANO
Quando considerado 2014 como um todo, o desempenho da economia do país foi afetado pela queda dos investimentos (de 4,4%) num ambiente de incertezas, que afetaram a confiança de empresários e consumidores.
Também foi observada desaceleração do consumo das famílias (alta de 0,9%). Ele havia crescido 2,9% em 2013 comparado com 2012, e os investimentos tiveram alta de 6,1% no mesmo período –ambas as taxas foram revisadas para cima.
Entre os fatores que levaram a uma freada da economia estão juros mais altos, inflação pressionada, crédito mais escasso. A piora da situação fiscal do país e as eleições também pesaram e azedaram o humor de investidores, mais cautelosos.
SETORES
Sob o olhar dos setores produtivos, a indústria foi a mais afetada, com queda de 1,2% em 2014 –puxada ainda pela concorrência externa. Os serviços cresceram 0,7%. Já a agropecuária teve uma leve alta de 0,4%.
Para 2015, a previsão –até mesmo do governo– é de uma queda do PIB na faixa de 1%. Analistas esperavam uma queda entre 0,5% e 1% em 2014, mas passaram a estimar uma estabilidade, após a adoção da nova metodologia.
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