A Procuradoria Geral da República vai denunciar, entre esta quarta (19) e quinta-feira (20), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao STF (Supremo Tribunal Federal). As informações são da Folha de S. Paulo.
A tendência é que o presidente da Câmara seja enquadrado no crime de corrupção por envolvimento no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. “A princípio é pelo menos esse crime. Mas ainda não há redação final”, adiantou um investigador.
A denúncia é fruto do inquérito no STF que apura suspeitas de participação de Cunha no esquema investigado pela Operação Lava Jato.
O presidente da Câmara, que sempre negou as acusações, se recusou a comentar a denúncia. “Não vou comentar. Só vou comentar quando houver fatos. Suposições eu não comento”, afirmou Cunha.
De acordo com investigadores, pesa contra o presidente da Câmara uma possível participação na movimentação de recursos na Suíça. As investigações apontaram o equivalente a R$ 54,5 milhões depositados pelo executivo Julio Camargo em contas indicadas pelo lobista Fernando Soares, apontado como o operador do PMDB na Petrobras.
Segundo depoimento do doleiro Alberto Youssef, esse dinheiro era pago pela Samsung, que venceu contratos na diretoria internacional da estatal para o fornecimento de navios-sondas.
O doleiro afirmou ainda que Soares, conhecido como Fernando Baiano, intermediava pagamentos de Camargo a Cunha –embora os R$ 54,5 milhões não sejam atribuídos ao deputado– porque o lobista “representava” tanto o parlamentar quanto seu partido, o PMDB.
O envolvimento de Cunha no esquema começou com depoimentos de Youssef. O peemedebista começou a ser investigado em março, com autorização do STF, e sempre negou as acusações.
Os procuradores estão finalizando os termos do documento, que será assinado por Rodrigo Janot, procurador-geral da república.
A denúncia não significa culpa. A Justiça agora vai decidir se aceita a denúncia. Em caso positivo, ele vir réu, e o processo é aberto.
COMISSÕES
As acusações contra Cunha também ganharam força depois que a Folharevelou, em abril, que o nome dele aparece como autor dos arquivos em que foram redigidos requerimentos apresentados a comissões da Câmara.
Delatores do esquema afirmam que esses requerimentos comprovam o envolvimento de Cunha com o escândalo de corrupção, uma vez que o material teria sido utilizado para pressionar a empresa Mitsui a retomar pagamento de propina ao PMDB. O MP chegou a realizar diligências dentro da Câmara para fazer uma cópia do material.
Apesar de negar em seu primeiro acordo de delação premiada o pagamento de propina a Cunha, Julio Camargo afirmou em novos depoimentos à Procuradoria Geral da República que o peemedebista teria pedido US$ 5 milhões em propina.
A expectativa é que, até quinta, além de Cunha, pelo menos outros dois congressistas sejam sejam denunciados.
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