A Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que reconsidere a decisão do ministro relator da Lava Jato, Teori Zavascki, em não analisar o relatório sobre o suposto repasse de dinheiro da Consist Software para o pagamento de despesas da senadora Gleisi Hoffmann (PT) e do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT). As informações são da Gazeta do Povo.
Zavascki alegou que, como o caso não tem relação direta com os desvios na Petrobras, não seria o responsável. Em um documento assinado pela procuradora geral da República em exercício, Ela Wiecko, a PGR defende que “há indicativos no caso em tela de conexão probatória”.
A PGR alega que “há a demonstração de um liame mínimo de conexão dos pagamentos de valores envolvendo as propinas da Petrobras ‘administradas’ por João Vaccari Neto [ex-tesoureiro do PT] e estas envolvendo a Consist”.
De acordo com informações prestadas pelo colaborador Milton Pascowitch, Vaccari teria pedido que ele passasse a operar junto ao esquema porque o PT tinha um crédito a receber da Consist e estava com problemas com o operador Alexandre Romano. “Esse procedimento de ‘créditos’ e ‘débitos’ com valores recebidos estão dentro de um contexto bastante similar do esquema central e modus operandi das condutas sobretudo de João Vaccari, que, do que provado até o presente momento, era o responsável por toda essa ‘contabilidade’ de recursos espúrios também da Petrobras”, alega a PGR.
Para Ela Wiecko, Vaccari e Pascowitch possuíam um “procedimento padrão e único de captação de valores ilícitos, todos interligados umbilicalmente”.
A PGR também denunciou o operador Alexandre Romano por tentar embaraçar as investigações, ao retirar de um de seus apartamentos documentos que serviriam como prova de suas atividades ilícitas. De acordo com a denúncia, dois dias depois do presidente da Consist, Pablo Kiepersmit, ser preso na 17.ª fase da Lava Jato, no início de agosto.
Romano foi preso na Pixuleco 2 – 18ª fase da Operação Lava Jato – acusado de operar parte da propina repassada pela Consist após firmar um contrato de crédito consignado para servidores federais no âmbito do Ministério do Planejamento em 2010, quando o ministro era Paulo Bernardo.
Entenda o caso
Em agosto, o juiz federal Sergio Moro encaminhou ao STF os indícios de envolvimento de Gleisi e Paulo Bernardo na Operação Lava Jato. Segundo o despacho, parte do dinheiro repassado da Consist ao escritório do advogado Guilherme Gonçalves foi usado para pagar despesas da senadora. Um dos exemplos citados no despacho de Moro é o pagamento do salário de um motorista de Gleisi.
Segundo os investigadores, Gonçalves era responsável por administrar o “Fundo Consist”. De acordo com o despacho de Moro, uma planilha de fevereiro desse ano apreendida no escritório de Gonçalves revela que no “Fundo Consist, com crédito de R$ 50.078,00, foram efetuados diversos lançamentos de débitos em favor da senadora e de pessoas ligadas a ela”.
Na época, a senadora alegou desconhecer as relações contratuais de Gonçalves com outros clientes, assim como desconhece qualquer doação ou repasse de recursos da empresa Consist a sua campanha.
O advogado Guilherme Gonçalves informou que liberou acesso a todos os arquivos referentes à empresa Consist e aguarda a decisão do Supremo Tribunal Federal a respeito do assunto. Paulo Bernardo não foi localizado para comentar o assunto.
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