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PF começa a fechar acordos de delação premiada

PF começa a fechar acordos de delação premiada

A Polícia Federal vai começar a negociar e fechar diretamente acordos de delação premiada na operação Lava-Jato. Até agora, as delações eram feitas apenas na esfera do Ministério Público Federal. A doleira Nelma Kodama, que atuava em parceria com Alberto Youssef, foi a primeira a fechar acordo com a PF. A alteração deverá servir para agilizar as investigações, uma vez que o interesse pelos acordos é grande e muitos possíveis colaboradores podem ajudar a elucidar pontos específicos de apurações, feitas pela polícia, ainda em andamento. Tanto na PF como no MPF, a homologação é feita pela Justiça.

A colaboração com a PF segue os moldes das que são acertadas com os procuradores da República, ou seja, pode resultar também em redução de penas, por exemplo. Nos depoimentos à Polícia Federal, são abordadas provas específicas.

— Para nós, essas novas delações valem mais do que os depoimentos iniciais — afirma um dos investigadores, referindo-se aos depoimentos tomados depois da homologação do acerto.

As mais de 30 delações firmadas até agora foram conduzidas apenas pela força-tarefa do MPF. Com a abertura do leque, a PF dará a largada em uma série de negociações com outros envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras. Os depoimentos poderão ser acompanhados por procuradores. A intenção é atrair delatores ligados a empresas que possam dar mais detalhes sobre os mecanismos usados para pagamento de propina.

INVESTIGAÇÃO ENTRA EM NOVA FASE

A investigação das empreiteiras entrou também em nova fase. A PF iniciou a perícia da contabilidade das empresas, mesmo daquelas cujos executivos já foram julgados em ações da Lava-Jato, como a OAS e a Mendes Júnior. A perícia foi detalhada e passou a ser mais completa depois das informações apresentadas pela Camargo Corrêa, que fechou acordo de leniência.

O objetivo é detalhar quem recebeu valores significativos das empreiteiras e identificar outros repassadores de recursos que não são os operadores já identificados pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que fechou acordo de delação.

Boa parte da propina a políticos foi repassada por empresas de consultoria, assessorias ou escritórios de advocacia. A Camargo Corrêa identificou 13 fornecedores que ela própria usou para repassar dinheiro, entre eles dois escritórios de advocacia. A Odebrecht foi a primeira das empreiteiras do cartel a ter sua contabilidade dissecada depois do acordo de leniência feito pela Camargo.

Do pente-fino na contabilidade poderá ainda, segundo os investigadores, surgir mais nomes de políticos beneficiados com repasses de recursos, inclusive, fora do âmbito da Petrobras. A investigação também revela esquemas, por exemplo, na hidrelétrica de Belo Monte e na Eletronuclear, ambas alvos de fraude envolvendo pessoas já investigadas no âmbito na Lava-Jato.

A devassa contábil deverá ajudar a PF em duas investigações mais complexas, do grupo Andrade Gutierrez e da construtora Queiroz Galvão. A Queiroz segue apenas como investigada na Lava-Jato mas, segundo relatório da PF, foi a segunda empreiteira mais beneficiada com contratos da Petrobras entre as 27 empresas do cartel.