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Petra Costa: um pouco da história de sua família em “Democracia e Vertigem”

Um dos méritos da cineasta Petra Costa, que dirigiu o documentário indicado ao Oscar Democracia em Vertigem, foi o tom pessoal e íntimo que deu aos acontecimentos que abalaram a República nos últimos anos. No filme, ela conta um pouco sobre a história de sua família ligada à empreiteira Andrade Gutierrez e à militância ao PT. As informações são de Veja.

Em uma cena no Palácio da Alvorada, Petra revela que seu avô foi sócio-fundador da Andrade Gutierrez. Trata-se do engenheiro civil Gabriel Donato de Andrade, que, junto com Roberto Andrade e Flávio Gutierrez, fundou uma das maiores empreiteiras do país, em 1948 – o que faz da cineasta herdeira de uma empresa envolvida até o pescoço nas falcatruas do petrolão. A construtora perdeu seu status de grau de investimento da Fitch Ratings em meados de 2015, pouco antes da diretora começar a acompanhar Dilma.

A decisão da Fitch foi logo após o então presidente da companhia, Otávio Marques de Azevedo, ser preso sob a acusação de pagar subornos à Petrobras em troca de contratos. A empresa aderiu de pronto ao mea-culpa. Além de ter de devolver, em parcelas, durante oito anos, 1 bilhão de reais aos cofres públicos, a empreiteira foi obrigada a publicar um comunicado em vários jornais com um “pedido de desculpas” à sociedade e uma lista de oito sugestões de medidas para reduzir o escopo para irregularidades em obras públicas.

Petra nasceu em Belo Horizonte, em 1983. Quando tinha 1 ano, seus pais se separaram — o pai, Manoel Costa Júnior, foi o primeiro marido de sua mãe, Marília Andrade, e também se envolveu com política. Foi deputado pelo então PMDB nos anos 80 e, mais recentemente, como secretário nos governos dos tucanos Aécio Neves (com quem, aliás, Petra tem uma ligação familiar distante, mencionada no documentário) e Antonio Anastasia, viu-se envolvido em uma investigação que apontava fraudes na legalização de terras no norte de Minas Gerais (isso, é claro, também não aparece no documentário).

Da família que é dona de uma das maiores empreiteiras nacionais, Marília sempre foi conhecida pela generosidade com a causa. Ela doou cerca de 400 000 reais nas últimas cinco eleições. Diversos candidatos foram agraciados, de aspirantes a vereador a presidente da República — a grande maioria era do PT, sigla à qual ela é filiada desde 1997. Após a exploração sórdida do nome de Lurian, filha do então candidato Lula, pela campanha vitoriosa de Fernando Collor na disputa presidencial de 1989, Marília levou a moça para viver com ela e Petra em Paris, no começo dos anos 90. A cineasta tinha só 8 anos. Na temporada parisiense, Marília estava casada com o argentino Luis Favre, conhecido namorador de musas da esquerda — a mais famosa delas foi a ex-senadora Marta Suplicy, com quem foi casado até 2009, anos depois da relação com a mãe de Petra.