Pesquisa pode influenciar eleitor, dizem estudiosos
Nesta reta final das eleições, os candidatos ficam de olho nos resultados das pesquisas eleitorais. Em razão delas, alguns eleitores modificam o seu voto – fenômeno conhecido como "voto útil" – e doadores definem que candidatos vão ajudar. O assunto foi discutido hoje no programa Pinga-Fogo, da Rádio Câmara, por cientistas políticos.
"Nenhum eleitor gosta de desperdiçar seu voto. Então, quando você divulga que um ou dois candidatos estão na frente ou três candidatos estão embolados na frente, a tendência do eleitor é abandonar o seu candidato, caso ele não seja um daqueles dois ou três, e ir para os candidatos da maioria", explicou o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas.
Eleitor indeciso – Na opinião de José Alves Donizeth, também da UnB, as pesquisas influenciam o eleitor indeciso. "Boa parte do eleitorado define os seus candidatos tardiamente. As candidaturas majoritárias não, mas no caso das candidaturas para deputado estadual, federal, a definição é tardia."
Entre os diversos tipos de pesquisas existentes, Donizeth destaca as espontâneas. Tratam-se das pesquisas nas quais o eleitor declara o seu candidato, sem que seja apresentado a ele uma lista, como acontece na pesquisa estimulada.
"Quando a pessoa afirma rapidamente, sem nenhum tipo de influência externa, a sua preferência, dificilmente há erros nos resultados finais. A pessoa já tem uma posição firmada", disse o cientista político. "Quando você estimula, nem sempre colhe uma amostragem fiel, porque a pessoa muitas vezes se deixa influenciar pelo ambiente."
Iniciativa pessoal – Alguns candidatos também se valem de pesquisas próprias para saber o que devem prometer aos eleitores. A estratégia, no entanto, pode ser ruim, na avaliação de Ricardo Caldas.
"O candidato corre o risco de ser desmascarado, porque acaba virando um produto. Ele trata o eleitor como um produto, coloca-se como um produto e busca, então, uma relação comercial entre ele e o eleitorado", avaliou Caldas.
Para minimizar a influência das pesquisas, a "minirreforma eleitoral" (Lei 11.300/06, aprovada no Congresso e sancionada em maio deste ano) pretendia proibir a sua divulgação 15 dias antes das eleições. O dispositivo, porém, foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo o STF, a medida fere o direito à informação.
Agência Câmara
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