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Peguei, mas não fui eu, diz Requião sobre propina da JBS

Peguei, mas não fui eu, diz Requião sobre propina da JBS

O senador Roberto Requião disse nesta quinta-feira, 17, que cabe ao diretório nacional do MDB explicar a origem do dinheiro – apontado como propina pela Procuradoria Geral da República – que abastaceu sua campanha eleitoral em 2014. “Quando recebemos o recurso, já que enviado obedecendo todos os trâmites legais, o recebemos como se fosse de boa origem. Reafirmamos: recebemos o recurso por vias legais e o declaramos à Justiça Eleitoral”, diz a nota do senador Requião enviada para a repórter Catarina Scortecci da Gazeta do Povo.

Em 2014, Requião saiu candidato ao governo do Paraná – com a derrota nas urnas, voltou para o mandato no Senado. Naquele ano, ele de fato declarou ter recebido dinheiro da JBS. Na prestação de contas apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), consta uma doação de R$ 1,5 milhão feita diretamente pela JBS à campanha do paranaense. Ele ainda recebeu R$ 500 mil da JBS via repasse feito pela direção nacional do PMDB e outros R$ 400 mil da JBS transferidos através do comitê de Michel Temer.

Requião está na lista dos senadores do MDB que serão investigados por inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF), na esteira da Operação Lava Jato, para apurar um repasse ilegal da JBS (cerca de R$ 40 milhões) durante a campanha eleitoral de 2014.

O inquérito foi aberto na quarta-feira (16) – INQ 4707 – com a autorização do ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a investigação com base em declarações prestadas pelo ex-dirigente da Transpetro (Petrobras Transportes S/A) Sérgio Machado e pelo ex-executivo do Grupo Empresarial J&F (dono da JBS) Ricardo Saud.

Em sua delação, Saud disse que houve um pagamento da ordem de R$ 46 milhões a peemedebistas, a pedido do PT. E, ainda de acordo com ele, apesar de diversas doações terem sido oficiais, trata-se de “vantagem indevida”, já que dirigentes do PT estariam comprando o apoio de peemedebistas para as eleições de 2014, para garantir a aliança entre as duas siglas.

Na nota, o ex-governador do Paraná escreve que “para fazer frente aos gastos da campanha eleitoral, por sinal absolutamente modestos comparados a de outros candidatos, recebeu colaboração do Diretório Nacional do PMDB, como todos os candidatos a governador do partido”.

“O então presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, encaminhou determinada quantia para o setor financeiro da campanha, como contribuição do diretório nacional. Esse dinheiro, recebido oficial e legalmente pelo setor financeiro da campanha, foi declarado à Justiça Eleitoral e todo trâmite legal foi realizado pelo diretório nacional. As contas de campanha foram aprovadas sem ressalvas. O recurso enviado pelo diretório nacional o foi de forma aberta, declarada, sem o uso de qualquer artifício”, continua a nota.

Os demais políticos que também se tornaram alvos do mesmo inquérito são os senadores Jader Barbalho (PA), Romero Jucá (RR), Eunício Oliveira (CE), Eduardo Braga (AM), Edison Lobão (MA), Valdir Raupp (RO) e Renan Calheiros (AL) – além do ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (RN) e do ex-senador Vital do Rêgo (PB), que desde 2014 ocupa uma cadeira de conselheiro do Tribunal de Contas da União (TCU).