A repentina aceleração da pecuária neste ano, provocada pelo aumento da produção e das exportações brasileiras, vai evitar uma forte desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio.
De janeiro a setembro, o ramo da pecuária teve evolução positiva de 10,8%, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) e da CNA (Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil).
No mesmo período, o ramo agrícola registrou queda de 3,7%. Com isso, o PIB agropecuário teve evolução média de apenas 0,21% nos nove primeiros meses deste ano.
Foi um ano muito bom para a pecuária, devido ao aumento dos preços internos da arroba de boi e à alta da carne no mercado externo.
A festa só não foi mais completa porque os custos internos e externos de produção subiram para o setor.
As exportações de grãos elevaram os preços da ração, e o dólar tornou mais caros os insumos importados.
O bom desempenho das carnes foi provocado pela China, grande importadora de proteínas neste ano devido à ocorrência da peste suína africana no país.
As receitas externas com carne bovina deverão atingir US$ 7,4 bilhões neste ano, 13% mais do que em 2018. O volume poderá somar 1,8 milhão de toneladas, com alta de 11%, segundo dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).
O mercado externo foi favorável também para as carnes de frango e suína. As exportações de carne de frango devem atingir 4,2 milhões de toneladas, 2,4% mais do que em 2018. Já as vendas externas de carne suína sobem para 740 mil toneladas, 14,5% mais.
O mercado interno reagiu à demanda externa. A produção de carnes bovina, suína e de frango atingiu 6,7 milhões de toneladas no terceiro trimestre deste ano, 2,5% acima do volume de igual período do ano passado, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A produção de carne bovina, ao somar 2,2 milhões de toneladas, cresceu 4% em relação a igual trimestre de 2018. Já a de suínos subiu para 1,1 milhão, com alta de 1%, e a de frango foi a 3,45 milhões, com aumento de 2%.
Volume e preços maiores na pecuária engordaram as receitas no setor, segundo o VBP (Valor Bruto da Produção), aponta o Ministério da Agricultura.
O valor de produção dos bovinos, tomando como base os preços dentro da porteira, sobe para R$ 86 bilhões no ano, 5% mais do que em 2018. O de frango, com valorização de 13%, atinge o recorde de R$ 64 bilhões, e o de suínos aumenta para R$ 17 bilhões.
Já os produtos agrícolas não foram tão bem como os da pecuária. A soja, carro-chefe do setor, teve redução da produção para 115 milhões de toneladas. Arroz e feijão também tiveram colheitas menores.
Milho e algodão foram destaques positivos. No caso do cereal, além de a produção ser recorde, os preços subiram. A produção de algodão também foi recorde, mas os preços recuaram.
No próximo ano, as exportações de carnes devem se manter aquecidas, mas os preços podem ser menores do que os recordes deste ano.
No setor de grãos, a soja se recupera em volume, mas os preços ainda são uma incógnita devido aos acertos entre China e Estados Unidos.
As exportações de carne bovina vão atingir 2,1 milhões de toneladas, com receitas de US$ 8,6 bilhões. No setor de aves, as vendas externas de frango deverão atingir 4,5 milhões de toneladas, e as de suínos, 900 mil. Ambos os valores são recordes.
A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.
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