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Patrões ignoram reivindicações dos jornalistas

Patrões ignoram reivindicações dos jornalistas

A proposta é continuar com a pauta do ano passado, a mesma que não vem sendo cumprida regularmente, e dar apenas a minguada reposição inflacionária

Foram quase 30 dias sem qualquer manifestação dos patrões e, quando convocados pela Delegacia Regional do Trabalho, no dia 30 de agosto, a resposta foi uma decisão lacônica: correção da inflação de outubro 2005 a setembro 2006 e manutenção da atual convenção, que já não vem sendo cumprida por grande parte das empresas.

A pauta de reivindicações preparada pelos jornalistas foi ignorada. A proposta dos patrões significa que os jornalistas não terão, por mais um ano, nenhum centavo de ganho real ou qualquer outro benefício da pauta que foi aprovada pela categoria ao longo das assembléias de discussão.

Considerando que eventos como a Copa do Mundo e as eleições representam fortes fontes arrecadadoras para empresas, a oferta patronal é inadmissível. As perdas salariais dos jornalistas se avolumam gigantescamente a cada rodada anual, e o cenário econômico atual é favorável a maiores incrementos de renda, tanto que possibilitou, às demais categorias, o maior ganho salarial dos últimos 10 anos, segundo estudo do Dieese.

No primeiro semestre, 82% dos acordos concederam aumento real, com ganhos dentro dos parâmetros que nossa proposta estima, conforme noticiaram os próprios veículos de comunicação. A par disso há também o comprovado crescimento do setor. Contrariando os balanços publicados, que demonstram queda na receita, as empresas optaram em investir pesado no reaparelhamento de seus parques gráficos, adquirindo novos maquinários.

Por outro lado, muitas redações ainda não dispõem de móveis ergonômicos ou de ambiente saudável que ofereçam o mínimo de condições de trabalho. Os patrões não querem saber de negociar nem mesmo reivindicações sociais, que não teriam impacto econômico algum, como o assédio moral ou medidas de proteção à saúde, que visam melhorar o bem-estar profissional e o próprio desempenho das atividades jornalísticas.

Mais uma vez os jornalistas foram desrespeitados. Os patrões ignoraram as reivindicações da categoria, considerando as demandas novas e antigas ultrapassadas e exageradas, numa pura estratégia de intimidação à nova diretoria, empossada em junho. O objetivo do Sindijor-PR, entretanto, é continuar lutando contra a insensibilidade daqueles que detêm o poder de decisão sobre nossas atividades, que fixam regras unilateralmente e obrigam os jornalistas a recorrer constantemente ao Ministério do Trabalho para fazer valer seus direitos básicos. Esse diálogo, improdutivo, precisa ser mudado.

A disposição da nova diretoria do Sindijor-PR é de entendimento, mas dentro dos princípios mínimos de respeitabilidade. A diretoria convidou ontem os patrões para mais uma rodada de negociação e aguarda uma resposta. O tino do empresário da comunicação não pode se ater apenas ao lucro. Não podemos nos calar e aceitar a simples reposição do INPC. Vamos à luta, reivindicar demandas como o PLR, o abono, vale refeição e outras tantas que poderiam nos garantir um mínimo de dignidade profissional. É hora de dizer “não” com extrema coragem e mostrar que não aceitamos calados a insignificante proposta que nos empurram goela abaixo. JORNALISTA EQUILIBRISTA, NÃO! Queremos um aumento real e qualidade de vida. Diretoria Saindo da Retranca

Propostas econômicas enfatizam aumento real

Acompanhe algumas das cláusulas econômicas da proposta de convenção coletiva apresentada pelos jornalistas.

CLÁUSULA 2.ª – Reposição de perdas salariais: Os salários dos jornalistas abrangidos pelo presente instrumento normativo, vigentes, por força de acordo coletivo anterior, a partir de 1.º de outubro de 2006, serão corrigidos pelo INPC acumulado do período de outubro de 2005 a setembro de 2006, no percentual de 3,5% (três vírgula cinco por cento), o qual incidirá sobre os salários vigentes em 1º de outubro de 2005.
Item elementar: trata apenas de recompor o valor real dos salários, carcomido por um ano de inflação. Não representa ônus algum para as empresas, que neste período expandiram suas receitas muito acima da inflação.

CLÁUSULA 3.ª – Aumento Real: Os salários concedidos aos trabalhadores, já devidamente reajustados pela Cláusula 2.ª desta Convenção, serão reajustados em 6% (seis por cento), a título de aumento real.
Chegou o momento de os patrões dividirem o que lucram com aqueles que os fazem lucrar. Os jornalistas há anos apenas têm tido reposição da inflação. É pouco, muito pouco para um setor que está crescendo, particularmente num ano propício como 2006 (com Copa do Mundo e eleições). Não há o que alegar contra o aumento real, tanto pela situação bem próspera do mercado de comunicação (só o setor gráfico-editorial teve incremento de 17,76% nas vendas de maio de 2005 a maio de 2006) quanto pelo fato de que a maioria esmagadora das categorias que fecharam suas convenções no primeiro semestre deste ano (82%) obteve aumentos superiores à inflação do período.

CLÁUSULA 4.ª – Abono: A fim de repor as perdas da massa salarial ao longo dos últimos doze meses, as empresas pagarão, no mês de junho de 2007, um abono no valor de 30% (trinta por cento) incidente sobre os salários já reajustados.
Inflação é de mês em mês, mas reajuste de salário só uma vez por ano. Nos últimos doze meses, somadas todas as perdas, foi-se embora o equivalente a quase um terço de um salário de jornalista. Por isso, é preciso recompor a massa salarial, perdida ao longo do ano, a fim de manter o poder de compra do trabalhador.

CLÁUSULA 5.ª – Participação nos Lucros e Resultados: A título de participação nos lucros e resultados as empresas pagarão 1,87 (um vírgula oitenta e sete) salários nominal a cada empregado, o qual deverá ser pago até 1º.03.2007.
A inclusão desta cláusula é não apenas uma forma de repartição – justa e razoável – dos lucros obtidos pelos veículos nos últimos anos, mas também uma forma de instar os patrões a adotar, para além do salário fixo, formas de remuneração variável para os trabalhadores, segundo o desempenho das empresas.

CLÁUSULA 6.ª – Piso salarial: O salário normativo (Piso Salarial) dos jornalistas profissionais, para uma jornada de cinco horas diárias, em quaisquer das funções previstas no Artigo 11 do Decreto n. 83.284/79, a partir de 1.º de outubro de 2006, não poderá ser inferior a R$ 1.859,62 (um mil, oitocentos e cinqüenta e nove reais, e sessenta e dois centavos).
Com as nossas demandas atendidas, o piso da categoria irá para R$ 1.859,62, mantendo-se como um dos maiores do país.

Patrões ignoram reivindicações dos jornalistas

Foram quase 30 dias sem qualquer manifestação dos patrões e, quando convocados pela Delegacia Regional do Trabalho, no dia 30 de agosto, a resposta foi uma decisão lacônica: correção da inflação de outubro 2005 a setembro 2006 e manutenção da atual convenção, que já não vem sendo cumprida por grande parte das empresas. A pauta de reivindicações preparada pelos jornalistas foi ignorada. A proposta dos patrões significa que os jornalistas não terão, por mais um ano, nenhum centavo de ganho real ou qualquer outro benefício da pauta que foi aprovada pela categoria ao longo das assembléias de discussão.do boletim do Sindicato dos Jornalista. Leia sua íntegra em Reportagens.