De acordo com o secretário de Indústria e Comércio de Ciudad del Este, Iván Airaldi, está sendo planejado um protocolo específico para a “reabertura inteligente” da Ponte da Amizade.
“Os comerciantes de Ciudad del Este exigem do governo a reabertura da Ponte da Amizade e aguardem uma solução após os protestos do final de semana, mas propõem como alternativa estabelecer um passaporte sanitário para a travessia de pessoas”, afirmou o secretário.
Inicialmente, é prevista a circulação, somando ambos os lados, entre mil e 1.500 veículos por dia. Para isso, segundo Airaldi, seria preciso fazer testes periódicos de covid-19 em ambos os lados da ponte, de forma rápida.
“Estamos trabalhando com todos os setores para que Ciudad del Este volte gradativamente à normalidade. Estamos falando de passaporte de saúde na fronteira para a reabertura da ponte, mas também precisamos de ferramentas, como acesso a créditos de salvamento ”, disse Airaldi.
“Não queremos abrir por abrir, mas sim construir um processo para ter ferramentas”, disse o secretário. Segundo ele, apesar do novo coronavírus continuar latente, é preciso gerar competitividade em Ciudad del Este.
A cidade precisa de outros tipos de ajuda, como a aprovação do projeto do regime de reexportação comercial, que a Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad del Este já apresentou ao Congresso, além de um tratamento especial para que as empresas tenham acesso a créditos emergenciais.
De acordo com o secretário, 14% das empresas não conseguem ter créditos devido à crise provocada pela pandemia, por isso seria preciso que a concessão do crédito considerasse a situação em 2019.
Fome e Pobreza
O prefeito de Ciudad del Este, Miguel Prieto, disse à rádio Universo 970 que “há pessoas passando fome, há muita necessidade” e que a única saída para a crise econômica é a reabertura da Ponte da Amizade”.
Segundo o Jornal ABC Color, cerca de 64 mil pessoas perderam seus empregos desde o início da pandemia.
“O Governo jogou com a política de isolamento de tentar evitar o máximo de contágio, mas que gerou a destruição da economia. Agora temos dois problemas: somos pobres e também doentes. Tem gente passando fome e essa é uma realidade impensável em Ciudad del Este”, lamentou o prefeito.
“Nos aguardam meses e meses de recessão econômica. Não nos vamos recuperar da noite pro dia”, armou. O próprio orçamento da Prefeitura já está comprometido, disse ainda Miguel Prieto.
Em Pedro Juan Caballero
Na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã (MS) o sistema de delivery já é realidade. Vários comércios estão fazendo liquidações para evitar ainda mais perdas econômicas, mas a venda para moradores do lado brasileiro, em pontos de delivery, tem amenizado a situação.
“Muitos reduziram ao máximo o número de empregados como também os salários. Há uma espécie de entendimento entre patrão e empregado, se trabalha menos horas, se trabalha de maneira inteligente para sobreviver até dezembro, que nós entendemos é até onde irá esta pandemia e o fechamento da fronteira”, disse o empresário Julio Winkler
Winkler contou em entrevista, que todos os comerciantes estão se preparando, tanto no emocional como economicamente, para sobreviver até dezembro, mês até o qual a situação crítica se estenderia. Segundo ele, das 300 lojas que vendiam para turistas, hoje trabalham cerca de 100, em horário reduzido.
“Vendemos duas mercadorias por um mesmo preço, pra ser mais atrativo. No Brasil não há restrição de circulação, e isso em algum sentido nos ajuda. Nós podemos entregar os produtos nos oito pontos habilitados como deliveries, e dessa maneira estamos sobrevivendo”, concluiu.
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