Há pouco mais de meio século, Rosy de Macedo Pinheiro Lima, escritora e doutora em Direito, tomava posse na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). Eleita aos 33 anos pela União Democrática Nacional (UDN) foi a primeira mulher a ter voz na política paranaense, exercendo a função de deputada estadual de 1947 até 1950, durante o período da Legislatura Constituinte.
Ao lembrarmos dessa pioneira no momento em que a luta pela igualdade de direitos ganha destaque com a celebração do 8 de março – Dia Internacional da Mulher – constatamos que o espaço conquistado por elas no cenário político do país e do Paraná obteve um gradual progresso. Desde a posse de Rosy Pinheiro Lima até hoje, outras 21 mulheres já ocuparam uma das 54 cadeiras do Plenário do Legislativo paranaense, que registra uma história de mais de 160 anos.
Bancada – Atualmente, a bancada feminina da Assembleia do Paraná é integrada por cinco deputadas: Cantora Mara Lima (PSC), Cristina Silvestri (PPS), Luciana Rafagnin (PT), Mabel Canto (PSC) e Maria Victoria (PP). Além delas e de Rosy, que atuou sozinha durante a primeira legislatura, já exerceram a função parlamentar na Assembleia paranaense as seguintes mulheres: Amélia Hruschka, Arialba do Rocio Freire, Irondi Pugliesi, Vera Antonio Agiberti, Emilia Belinatti, Ligia Pupatto, Serafina Martins Carrilho, Marlene Salete C. Perreira, Arlete Caramês, Elza Correia, Beti Pavin, Rosane Ferreira, Rose Litro, Marla Tureck, Claudia Pereira e Cida Borghetti. Em 2018, Cida Borghetti assumiu o cargo de governadora do Paraná. Ela tornou-se a primeira mulher a ocupar o posto em definitivo no Poder Executivo.
Pioneira – A primeira deputada paranaense, Rosy de Macedo Pinheiro Lima, nasceu em Paris (França), no dia 2 de abril de 1914. Era filha de José Maria Pinheiro Lima e de Stella de Macedo Pinheiro Lima. Fez seus primeiros estudos em colégios das cidades de Viena (Áustria), Tirol (Itália), Inglaterra e Paris. Quando chegou ao Paraná matriculou-se no Ginásio Paranaense, cursando também o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, ambos em Curitiba.
Já em 1933, com apenas 19 anos, recebeu o grau de bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Paraná. Em dezembro do mesmo ano, juntamente com Ilnah Secundino e Deloé Scala, fundou o Centro Paranaense Feminino de Cultura. Logo depois foi estudar no Rio de Janeiro, onde concluiu o curso de doutorado em Direito Privado.
Foi a primeira brasileira a conquistar o título de doutor em Direito pela Universidade do Brasil. Advogada e estudiosa dos problemas jurídicos, obteve, em 1943, uma bolsa de estudos na Inglaterra, onde frequentou a Universidade de Cambridge, aperfeiçoando seus conhecimentos e tendo a sua tese aprovada. Também se dedicou ao jornalismo e às letras. Publicou vários trabalhos em prosa e em verso. Entre seus trabalhos publicados constam os seguintes: “A Mãe e o Direito Civil”, tese de doutorado, Rio; “The Basis of Private International Law”, tese, Cambridge, 1944; “A vida de Júlia da Costa”, biografia, 1953; “Poeira ao Sol”, poesias, 1953.
Eleições – As mulheres, que só conquistaram o direito ao voto em 1932, são a maioria dos 147,5 milhões de brasileiros aptos a votar: são 77.489.499 eleitoras, que representam 52,53% do eleitorado brasileiro. Entretanto, dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que nas eleições que aconteceram em 2018 no Brasil, a exemplo de eleições anteriores, os homens dominaram a disputa para os cargos majoritários. Ao todo, participaram 475 candidatos e 94 candidatas. Para todos os cargos, a diferença entre os gêneros é semelhante. Concorreram à vaga de presidente da República 11 homens e apenas duas mulheres. Na disputa aos cargos de governador, eles somavam 170 candidatos e elas, 29. Disputaram as 54 cadeiras disponíveis no Senado 294 candidatos contra 63 candidatas.
Foto: Arte: Lucas Lambertucci / Alep
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