PARLASUL REJEITA FROTA DOS EUA
O Parlamento do Mercado Comum do Sul (Mercosul) rejeitou nesta terça-feira (29) o regresso da IV Frota dos EUA a águas da América do Sul e advertiu que tal decisão implica mais insegurança e a "militarização" de conflitos na região.
Os membros do Parlamento do Mercosul (formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) analisaram em Montevideu o anúncio dos EUA de que a partir de este mês a sua IV Frota naval, com base em Mayport (Florida), voltaria a navegar pelos mares da região.
Esta frota pôs-se em marcha em 1943, durante a II Guerra Mundial, para blindar as águas do continente contra eventuais incursões de navios e aeronaves alemãs e japonesas mas foi dissolvida cinco anos depois de terminado esse conflito armado.
A sua reactivação coincide com o processo de criação do Conselho de Defesa da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), impulsionado pelo Brasil.
Este país, cujo Senado rejeitou já a reactivação da força naval norte-americana, foi um dos promotores mais activos da votação apresentada terça-feira na undécima sessão do Parlamento do Mercosul.
O governo brasileiro ligou a decisão de enviar de novo a IV Frota à recente descoberta de enormes reservas petrolíferas nas costas do país.
Outro dos grandes detractores desta medida militar é a Venezuela, que aspira a aderir ao MERCOSUL e que esteve presente na reunião sem capacidade de voto.
Numa declaração conjunta, os deputados do Mercosul sublinharam terça-feira que o regresso a águas sul-americanas da IV Frota norte-americana é "desnecessária" e "inoportuna" pois a região é "pacífica e democrática", e resolve os seus conflitos de forma "negociada" e segundo os princípios de "não intervenção".
Pelo contrário, assinalaram, a reactivação dessa máquina militar, que implica "a militarização de conflitos e problemas regionais", pode derivar "numa insegurança hemisférica e comprometer a integração da América do Sul e do próprio Mercosul".