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Pesquisa não é infalível, diz diretora do Ibope, à CPI da Assembleia Legislativa

Os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Ibope ouviram na manhã desta terça-feira (11) a diretora executiva do instituto, Márcia Cavallari Nunes, e o diretor de Negócios de Opinião Política e Comunicação, Hélio Gastaldi, sobre a discrepância entre o resultado das eleições municipais em algumas localidades do estado e os percentuais divulgados nas pesquisas eleitorais durante o período de campanha, em especial às vésperas do dia de votação.

Segundo Márcia, as divergências numéricas também estão sendo analisadas internamente para diagnóstico e avaliação de possíveis equívocos pontuais, mas defendeu também a possibilidade da existência de fatores durante o pleito capazes de interferir no comportamento do eleitor.

“Pesquisa não é infalível. E trabalhamos com amostragem. O que medimos é a opinião das pessoas. E elas podem mudar. Pesquisa mostra uma tendência, é um diagnóstico do momento, não prognóstico do futuro. Se as pesquisas interferissem ou influenciassem o resultado, não teríamos as viradas como elas se apresentaram”, disse.
Ela afirmou ainda que os levantamentos de campo são terceirizados, embora a relação contratual de pesquisas pelos interessados seja feita pelo Ibope. De acordo com ela, a margem de erro nas amostragens é de 5%, mas apenas os levantamos de boca-de-urna mostram mais proximamente as escolhas do eleitorado.

“Erros técnicos acontecem por conta da mudança de comportamento do eleitor”, disse Márcia Cavallari, destacando a necessidade de verificação das ocorrências. “Quando os resultados são disparatados, fazemos estudos, avaliações, para saber o que houve. A empresa, em todo caso, foi selecionada com critério”, acrescentou.
Contratos – Em seguida, Hélio Gastaldi explicou aos deputados que os contratos são formulados entre o Ibope e as empresas que têm interesse na divulgação pública do resultado das pesquisas. Mas, de acordo com ele, outros levantamentos são feitos por telefone, conforme a demanda de partidos ou coligações, cujo objetivo é tão somente mapear o desempenho da campanha ou proposta do candidato.

“Os contratos são firmados com o Ibope pelo interessado em divulgação pública. Temos ainda outras pesquisas que são contratadas para aferir internamente sobre a campanha. Estas são feitas por telefone e não são divulgadas publicamente”, afirmou o diretor de Negócios de Opinião Política e Comunicação.
Os parlamentares Rasca Rodrigues (PV) e Artagão Júnior (PMDB) indagaram se as cláusulas contratuais deixavam claras as finalidades de serem ou não as pesquisas para divulgação pública. Além disso, eles solicitaram cópia destes documentos, além das fichas com perguntas e dados sobre a metodologia das pesquisas, assuntos que, segundo eles, precisam ser detalhados.

“Alguns pontos foram esclarecidos. Outros ficaram em aberto. Existem apontamentos divergentes quanto aos números das pesquisas, e esta situação de contratos para pesquisas internas por telefone e aquelas divulgadas publicamente. E agora temos a informação de que uma empresa é terceirizada para fazer o levantamento dos dados”, ponderou Artagão Júnior.

Aprofundamento – O presidente da CPI, deputado Reni Pereira (PSB), destacou que o foco está na possível manipulação dos dados. Ainda nesta terça-feira os deputados membros deverão definir os próximos passos a serem adotados pela comissão.

“Vamos definir a estratégia a partir de agora. O Ibope, pelo que vimos aqui, apesar de levar a fama, não é quem realiza de fato as pesquisas, porque a maioria delas é realizada por outra empresa. O que aconteceu não foi um problema, pelo que me parece, de metodologia, porque ela foi a mesma utilizada no segundo turno, e a margem de erro não foi nem de 1%. Parece, portanto, que houve no meio um processo de manipulação”.
Os deputados Teruo Kato (PMDB), Dr. Batista (PMN), Cantora Mara Lima (PSDB) e Rose Litro (PSDB) também participaram da reunião.