A vida do deputado Leonaldo Paranhos (PSC), tem muitas passagens que lembram enredos de sofridas músicas sertanejas. No dia em que saiu de casa, aos 16 anos, em 1982, para tentar a vida na cidade grande, sua mãe, dona Preta, o obrigou se ajoelhar no chão e jurar duas coisas. Que nunca iria roubar nem usar drogas. Saído da pequena Paraíso do Norte para Cascavel, na pensão onde foi morar vários companheiros usavam drogas, em especial maconha. Lembrou da promessa e resistiu a tentação. Coração de mãe não se engana.
Essa e outras revelações sobre a vida pessoal do deputado poderão ser conhecidas no programa Política & Viola, da TV Assembleia, apresentado pela dupla Willian & Renan, que vai ao ar neste sábado às 21h30min, pode ser assistido pela internet e terá reprises no domingo e na quinta-feira.
Paranhos, que chegou nervoso ao programa, confessou que tinha relutado em comparecer ao Política & Viola porque tinha sido “informado” que “seria obrigado a cantar”. Quando se deu conta que o canto era opcional e que no programa só canta quem quer, relaxou e acabou cantando, emocionado, uma música que tem tudo a ver com ele: “No Dia em Que Eu Saí de Casa” (“No dia em que eu saí de casa/ Minha mãe me disse: “Filho, vem cá!” / Passou a mão em meus cabelos/ Olhou em meus olhos/ Começou falar”).
Embora se emocione e se identifique com a música, Paranhos se dá conta que sua história pessoal é mais sofrida e dramática. Quando era muito pequeno o pai abandonou a família e ele se tornou órfão de pai vivo aos quatro anos de idade. A mãe, dona Preta, teve de criar sozinha os três filhos homens em situação de extrema pobreza. Quando ficou um pouco maior, Paranhos foi ser boia-fria. Colheu incontáveis arrobas de algodão e abanou muito café. No dia em que saiu de casa, não podia imaginar as peripécias que o aguardavam.
Depois de escapar da armadilha das drogas dos companheiros de pensão, foi ser vendedor das Casas Pernambucanas em Cascavel. O regime de trabalho era quase militar. Os vendedores eram obrigados a cumprir uma cota de atendimentos e realizar um determinado número de vendas. Quando não cumpriam precisavam, eles mesmos, comprar na loja. Paranhos lembra que chegou a ter mais de 100 pares de meia. “Era o que tinha de mais barato para comprar”.
A experiência de vendedor fez com que começasse a distinguir o tipo de comprador. Tinha os que só faziam compras de tempos em tempos, e, quando compravam, compravam muito. Eram os mais cobiçados. Havia também aqueles que só percorriam a loja por lazer e eram temidos pelos vendedores, pois faziam o vendedor perder tempo e vendas. Um dia, Paranhos aprendeu uma lição que serviu para vida toda.
Viu entrar um homem malvestido e com jeitão de quem não tem onde cair morto. Na cabeça soou um alarme. É fria. Disfarçou, tentou simular uma atividade qualquer para não ter de atender o cidadão. O superintendente percebeu a falseta e chamou: Paranhos! Foi lá atender o homem. Pois não? Com jeito humilde o homem disse que queria brim. Na cabeça de Paranhos, cálculos rápidos indicavam que o cliente era mesmo uma furada. Tecido para uma calça de brim: 1 metro e 20… O homem continuou: brim laranja. O desânimo de Paranhos aumentou, não vai passar de 70 centímetros de tecido. Uma venda mixuruca!
Conformado, pegou um rolo de brim laranja e perguntou o tamanho. O homem diz: mas aí não tem o suficiente. Mas como? Aqui tem pelo menos 15 metros! O homem explicou que estava fazendo compras para a prefeitura de Toledo, traje para todos os garis da cidade, e iria precisar de, pelo menos, 800 metros! Acabou levando 818 metros de brim laranja e Paranhos fez a maior venda das Pernambucanas. Foi receber um prêmio em São Paulo e, com a receita, comprou sua primeira moto. Desde então garante que nunca mais julgou alguém pela aparência.
Tornou-se empresário e acabou descobrindo a vocação para a política. Como tudo em sua vida, nada foi fácil. Disputou oito eleições e perdeu cinco. Depois engrenou. Foi vereador, vice-prefeito de Cascavel, e está no segundo mandato como deputado estadual. A votação, sempre crescente, é vista como um reconhecimento do trabalho que realiza.
Paranhos diz que entrou na política movido pela indignação. Teve muitos motivos para se indignar, assegura. Cita o caso de um irmão quebrou o braço e a mãe percorreu toda a rede pública procurando ajuda. Queriam amputar. Ela teve de vender quatro vacas leiteiras, fonte de renda família, para levar o filho para a rede privada e salvar seu braço.
A saída de casa ainda adolescente, quando era o último filho que estava em casa; a promessa de joelhos para mãe são, ainda hoje, marcos em sua vida. Quando conseguiu proibir, como deputado, uma marcha da maconha, a mãe ligou e disse que podia morrer feliz depois disso.
Dá mãe, só guarda uma bronca. Um dia cobrou, meio na brincadeira:
– Por que Leonaldo em vez de Leonardo? Por acaso a senhora diz “galfo” em vez de garfo?
E a mãe:
– Eu queria que fosse um nome diferente.
A mãe se chama Faustina e também tem implicância com o nome. Prefere ser chamada de “Preta”, um apelido de infância.
A dupla sertaneja Talles & Murilo, foram os músicos convidados do Política & Viola, convidados pelos apresentadores, Willian & Renan, impressionaram pela qualidade de suas músicas e pelo poderoso vocal.
O Política & Viola é parte da nova grade de programação da TV Assembleia (antiga TV Sinal) e segue a diretriz estabelecida pelo presidente da Casa, deputado Ademar Traiano (PSDB) de mostrar o lado humano dos políticos e aproximar a Assembleia da sociedade. O programa vai ao ar todos os sábados às 21h30min pelo Canal 16, para quem assina a NET, e tem reprises domingo e as quintas-feiras ao meio-dia e também pode ser visto na internet no site http://www.alep.pr.gov.br/
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