Os três parlamentares pretendem convocar o empresário Roberto Coppola, sócio da Larami, empresa vinculada a Cachoeira e que já atuou no Paraná
por André Gonçalves, na Gazeta do Povo
Os três representantes do Paraná na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar as relações entre políticos e o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, prometem trabalhar para elucidar as ações do grupo ligado a ele no estado. Na última sexta-feira, a Gazeta do Povo revelou que interceptações de e-mails feitas pela Polícia Federal na operação Monte Carlo mostram que pelo menos dois parceiros de Cachoeira planejavam a recriação de uma loteria estadual paranaense. Um deles, o argentino Roberto Coppola, deve ser convocado para prestar esclarecimentos.
Na sexta-feira, a assessoria do deputado federal Rubens Bueno (PPS) preparava três requerimentos para apresentar na terça-feira, primeiro dia de trabalho da CPMI. O primeiro vai tratar da convocação de Coppola. Os outros dois vão pedir a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do argentino e da empresa Larami, que em 2001 ganhou uma licitação feita pelo Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar), autarquia do governo estadual extinta em 2007, para administrar jogos on-line no estado.
“É um fato que não pode deixar de ser investigado”, afirmou Bueno.
O senador Alvaro Dias e o deputado federal Fernando Francischini, ambos do PSDB, concordam. “Está mais do que explícito no inquérito da Polícia Federal que esse Coppola era um coadjuvante do Carlinhos Cachoeira”, declarou Alvaro.
A Larami Diversões e Entretenimento Ltda foi criada em maio de 2001, tem sede em Curitiba e continua ativa, de acordo com registros da Junta Comercial do Paraná. Ela tem dois sócios: Coppola e a empresa Brazilian Gaming Partners (BGP), vinculada a Cachoeira. O bicheiro, preso no mês passado pela Polícia Federal, aparece nominalmente como “administrador” da Larami.
A empresa operou por dois anos com o Serlopar, a partir de abril de 2002 (último ano da gestão Jaime Lerner), e teve o contrato rescindido por um decreto do então governador Roberto Requião (PMDB) por suspeitas de irregularidades na licitação. As máquinas geridas pela Larami funcionavam legalmente e eram semelhantes aos caça-níqueis tradicionais, com a diferença de serem conectadas on-line com o Serlopar, o que supostamente prevenia fraudes. Em 2002, havia 500 aparelhos distribuídos por quatro bingos de Curitiba.
Delegado licenciado da Polícia Federal, Francischini disse que a investigação das ações da Larami deve ajudar a esclarecer outros casos envolvendo o grupo de Cachoeira no Paraná. “Decidi que a minha atuação na CPMI vai ser focada nisso”, declarou. Desde a semana passada, o tucano vem atuando para defender o governador Beto Richa (PSDB) de uma possível ligação com o caso.
Sem convocação
Na última sexta-feira, os três representantes do Paraná descartaram a possibilidade de convocação de Richa, que chegou a ser sugerida por Requião no plenário do Senado. Richa e Requião são citados em uma mesma correspondência trocada entre Coppola e o ex-cunhado de Cachoeira, Adriano Aprigio de Souza. No texto, o argentino escreve sobre um suposto encontro com o atual governador, evento que Richa negou ter acontecido. “Não tenho nenhuma ligação com essas pessoas, eu não conheço essas pessoas, não recebi o Cachoeira nem ninguém ligado a ele”, disse o governador.
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