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PARANÁ: UM PRESENTE PELOS 156 ANOS

Estamos na semana de comemoração dos 156 anos de emancipação do Paraná, concretizada em 19 de dezembro de 1853 com a instalação do primeiro governo após a criação da província, por lei imperial de 29 de agosto do mesmo ano. Mas, por ter alcançado autonomia tardia em relação a outras regiões, o Paraná enfrenta desafios típicos – entre eles a integração macro-regional necessária para consolidar identidade própria e, por decorrência, maior presença federativa.

Com boa dotação de recursos naturais, as realizações do povo paranaense são impressionantes em termos de avanço para a modernidade: novas empresas e processos produtivos, cultura regional pro-ativa, destaque no comércio exterior. Nos indicadores estritamente econômicos o Paraná figura sempre entre os primeiros lugares dentro da Federação: um dos cinco maiores agregados segundo a medição do PIB, quinto potencial de consumo, quarto maior exportador, segundo maior produtor de grãos do país e por aí vai. Dispondo de apenas 2,3% do território nacional o Paraná produz mais de 6% das riquezas do Brasil.

Trecho de artigo do jornalista e presidente da Associação Paranaense de Imprensa, Rafael de Lala, que pode ser lido na íntegra clicando AQUI

Paraná: um presente pelos 156 anos

Artigo

Paraná: um presente pelos 156 anos

(*) Rafael de Lala

A atuação conjunta das lideranças paranaenses por maior presença federativa é o melhor presente para nosso 156º aniversário

Estamos na semana de comemoração dos 156 anos de emancipação do Paraná, concretizada em 19 de dezembro de 1853 com a instalação do primeiro governo após a criação da província, por lei imperial de 29 de agosto do mesmo ano. Mas, por ter alcançado autonomia tardia em relação a outras regiões, o Paraná enfrenta desafios típicos – entre eles a integração macro-regional necessária para consolidar identidade própria e, por decorrência, maior presença federativa.

Com boa dotação de recursos naturais, as realizações do povo paranaense são impressionantes em termos de avanço para a modernidade: novas empresas e processos produtivos, cultura regional pro-ativa, destaque no comércio exterior. Nos indicadores estritamente econômicos o Paraná figura sempre entre os primeiros lugares dentro da Federação: um dos cinco maiores agregados segundo a medição do PIB, quinto potencial de consumo, quarto maior exportador, segundo maior produtor de grãos do país e por aí vai. Dispondo de apenas 2,3% do território nacional o Paraná produz mais de 6% das riquezas do Brasil

Porém, numa dimensão mais ampla, essa capacidade realizadora dos paranaenses não se traduz em níveis de bem-estar compatíveis, com dois terços dos municípios situados abaixo do IDH médio do país. Daí o “enigma paranaense” – amplamente discutido por historiadores e intelectuais – e que, por certo, vai figurar nas plataformas dos principais candidatos no próximo ano. 

Resgatar a população das áreas e setores em retardo para o conjunto dinâmico da sociedade implica obter maior retorno da renda gerada em nosso território e, em termos federativos, maior participação nos frutos da riqueza comum. Esta colocação, reiterada por quantos examinam nossa realidade, desdobra os reflexos da criação do Paraná um século após as demais então capitanias. Por exemplo, no processo da independência em 1822, enquanto as então províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais compunham o “centro de força e união” a partir do qual se consolidou a nova nação, o Paraná – emancipado uma geração após, em 1853 – permaneceu em situação menos promissora.

A questão é confirmada por Bento Munhoz da Rocha Neto, ao situar o “amanhecer tardio para a vida provincial” como uma das causas do relativo isolamento do Paraná ante o ecúmeno nacional. Por isso faltam-nos meios para consolidar a infra-estrutura – estradas, ferrovias, hidrovias, aeroportos – mas também, ensino de amplitude e qualidade, saúde, segurança; enfim, exibimos desníveis sócio-culturais que condicionam nossa marcha para o desenvolvimento sustentável.

Uma das chaves é a compreensão da política – vista como caminho para o bem comum. Dada a realidade de nossa federação incompleta, em que a receita própria dos Estados-membros apenas cobre gastos compulsórios, eles buscam suprir essa limitação captando recursos adicionais da União via projetos de investimento e de emendas ao orçamento federal; notadamente no Nordeste e Norte. Tais aspectos indicam a conveniência de uma ação integrada de caráter continuado, por parte dos atores do Paraná – culturais, empresariais, políticos, etc – por mais presença federativa. O ponto principal: articulação inter-institucional com a Bancada Federal, não segmentada por microrregiões, em favor do Estado como um todo.

Nessa dimensão é positivo o interesse de membros do Governo Estadual em se aproximar da bancada dos parlamentares e paranaenses com posição em Brasília; para uma luta conjunta por maior participação no orçamento, visando retorno de parte da nossa contribuição para o erário comum. Essa nova posição institucional – verdadeiro presente pelo 156º aniversário – é um marco que, afinal, pode superar obstáculos, permitindo ao Paraná se afirmar como um estado integrado e de qualidade de vida.

(*) Rafael de Lala, jornalista, presidente da Associação Paranaense de Imprensa, é um dos coordenadores do Grupo Federativo do Paraná