Dirigir em ruas e estradas paranaenses é cada vez mais uma atividade de risco. Somente em 2010, o trânsito do estado contabilizou 3,4 mil mortes, número inferior apenas aos verificados em São Paulo e Minas Gerais.
Se os números absolutos assustam, o quadro se torna ainda mais preocupante quando se olha para as estatísticas a médio prazo, conta Anderson Gonçalves, na Gazeta do Povo.
Segundo o Mapa da Violência 2012, estudo realizado pelo Instituto Sangari, o Paraná subiu três colocações no ranking dos estados com o trânsito mais violento entre 2000 e 2010. Da oitava colocação, passou a ter a quinta maior taxa de óbitos registrados em acidentes de trânsito.
Um novo retrato do Mapa da Violência, divulgado em maio, aponta um total de 40,9 mil mortes em acidentes de trânsito no Brasil em 2010. Em comparação com 2000, o crescimento foi de 41,4%. Ao considerar a taxa de óbitos, número de mortes a cada 100 mil habitantes, verificou-se um aumento de 25,8%.
De um índice de 17,1, o país subiu para 21,5. No Paraná, as mortes no trânsito cresceram em ritmo ainda mais acelerado no mesmo período – a taxa passou de 25,8 para 32,9, um incremento de 27,3%. O total de mortes subiu 39%.
Para Alessandra Bianchi, professora do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a escalada dessas estatísticas indica a necessidade de aprimorar as políticas públicas para o setor.
“Se os números estão piorando, é porque algo está acontecendo e o poder público está deixando de fazer seu papel”, acredita. A fiscalização deficiente estaria entre essas lacunas.
Fatores
Engenheiro e consultor de transportes, Osias Baptista Neto aponta um conjunto de fatores como determinante para o crescimento no número de mortes no trânsito brasileiro.
Além do aumento da frota, que ganhou 35 milhões de novos veículos entre 2000 e 2010, a falta de investimentos em infraestrutura e educação no trânsito, aliada à má- formação dos motoristas, contribuem para acentuar a violência nas vias brasileiras. “A infraestrutura de forma geral é muito ruim.
Nosso sistema de habilitação é uma piada, joga motoristas completamente despreparados nas ruas e nas rodovias. Isso só vai mudar quando os governantes passarem a olhar as mortes no trânsito como um problema sério”, avalia.
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