A defesa do pecuarista José Carlos Bumlai afirmou nas alegações finais apresentadas ao juiz Sérgio Moro que o empresário era o “trouxa perfeito” que o PT precisava para forjar o empréstimo de R$ 12 milhões. Para a Lava-Jato, o empréstimo feito junto ao Banco Schahin era parte da propina que cabia ao partido no esquema da Petrobras. As informações são de Renato Onofre n’O Globo.
“O empréstimo já estava totalmente aprovado e só precisava de um trouxa pra assinar e ficar responsável por ele. E o trouxa escolhido foi José Carlos Bumlai que, além de ser conhecido de todos os envolvidos, era adimplente e amigo do ex-presidente Lula. Eis o trouxa perfeito!”, afirma a petição assinada pelos advogados Daniella Messiolaro e Conrado de Almeida Prado.
Os advogados voltam a admitir que Bumlai aceitou o empréstimo por ter receio de contrariar um pedido do partido que estava no poder, mas que se arrepende. Para tentar obter uma pena menor, o pecuarista já havia confessado a ilegalidade em dezembro do ano passado. Ele contou a delegados da Polícia Federal, que pegou emprestado para repassar ao caixa dois do PT.
“(Bumlai) Sabe ter cometido um grave equívoco, que redundou na acusação que hoje contra ele recai, tem consciência de seus atos e de muitos deles se arrepende”, afirmam os advogados do pecuarista.
O documento afirma que o pecuarista tentou quitar a dívida, mas os executivos do Banco Schahin recusaram para usar a dívida como “moeda de troca”. De acordo com a delação premiada de Salim Schinin, um dos donos do Grupo Schahin, eles tinham interesse em entrar nas licitações da Petrobras e, por isso, autorizaram a transação.
A defesa do pecuarista volta a afirmar que amigo do ex-presidente Lula procurou o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para resolver a questão do pagamento do débito e que o petista confirmou que “o compromisso era do PT”. Vaccari teria dito ainda que o Grupo Schahin “já estava negociando um navio com a Petrobras e que o partido ia ver a forma de fazer a quitação da dívida”.
Os advogados negam que Bumlai tenha falado e atuado no esquema em nome do ex-presidente Lula. Eles pedem que o empresário não volte a prisão, determinada na quinta-feira por Moro, e afirmam que carrega, desde que foi preso, um “fardo pesado e injusto” já que, apesar de ter feito um falso empréstimo, nunca tirou vantagem da situação.
“Bumlai é um empresário probo, um benfeitor de grandes projetos sociais, que sempre prezou por ajudar ao próximo e que nunca se beneficiou de um único tostão proveniente do empréstimo tomado em seu nome ou da inescrupulosa empreitada envolvendo a maior estatal brasileira”, concluem os advogados.
De acordo com Bumlai, metade do valor teriam sido destinados a quitar dívidas da campanha petista em Campinas, em 2002 e 2004. A força-tarefa diz também que a operacionalização do esquema se deu inicialmente com o Frigorífico Bertin.
De acordo com os investigadores, os outros R$ 6 milhões do montante foram destinados ao empresário Ronan Maria Pinto.
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