O Pantanal registrou em outubro de 2019 o maior número de queimadas dos últimos 17 anos para esse mês do ano, segundo dados compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com o balanço do órgão, foram 2.430 focos de incêndio registrados no mês passado no bioma. As informações são de Fabiana Cambricoli, Giovana Girardi e José Maria Tomazela no Estadão.
O número é 1.925% maior do que o verificado em outubro do ano passado, quando o Pantanal havia sido atingido por 120 queimadas. O recorde anterior ao deste ano havia ocorrido em outubro de 2002, quando 2.761 focos foram registrados no bioma.
As queimadas de setembro deste ano já tinham sido 267% maiores do que as de setembro de 2018 e foram devastadoras para o bioma. E agosto, com 1.690 focos, tinha superado em 514% o mesmo mês do ano passado. Os dados são do Programa Queimadas, do Inpe. Em setembro, reservas ecológicas foram queimadas, ameaçando programas de conservação da arara-azul.
O incêndio de grandes proporções que vem atingindo o Pantanal nos últimos dias já destruiu 128 mil hectares de vegetação, segundo estimativa do Inpe. Para efeito de comparação, a cidade de São Paulo tem área de 152 mil hectares.
Segundo Alberto Setzer, pesquisador do Inpe e membro do Programa Queimadas, a seca registrada neste ano tem tornado o cenário mais dramático e dificultado o controle das chamas. “São praticamente três meses seguidos com chuvas abaixo da média”, explica o especialista.
De 1.º de janeiro até o último domingo, dia 3, foram relatados no Pantanal, bioma que se estende por Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, 8.875 focos de incêndio. O mesmo período do ano passado teve somente 1.514 focos – aumento de 486%. É o mais alto número de queimadas desde 2007 para o período, quando houve 9.664 focos.
Combate
A falta de chuvas e o calor intenso dificultam o combate aos incêndios que atingem a porção do Pantanal no Mato Grosso do Sul. As chamas avançam para a região do Forte Coimbra, entre Corumbá e Porto Murtinho, e atingem as bordas do Parque Estadual do Rio Negro, na região central do bioma.
Conforme o governo estadual, o Corpo de Bombeiros foi obrigado a remanejar parte do grupamento e aeronaves para combater grandes incêndios que surgiram, durante o dia, no Parque Estadual Várzeas do Ivinhema, no extremo sul da Bacia do Rio Paraná.
Conforme o secretário estadual do Meio Ambiente, Jaime Verruck, a situação é preocupante. “As previsões meteorológicas indicam que será uma semana crítica para os combates às chamas, por causa da ausência de chuvas e das altas temperaturas”, disse.
Verruck observou que o Estado sofre uma de suas maiores estiagens, afetando todo o ecossistema. “O Rio Paraguai apresenta um dos menores níveis dos últimos 20 anos e as várzeas e lagoas estão secas, oferecendo material de fácil combustão. Estamos tendo atenção redobrada, não só para evitar mais prejuízos à biodiversidade, mas para que não ocorram perdas de vidas.” A pasta ainda não tem um levantamento da fauna atingida, mas já se sabe que muitos animais silvestres e até bois morreram nas queimadas.
Efetivo
A força-tarefa de combate a incêndios conta com 120 homens, três aviões Air-Tractor com lança-água e três helicópteros. O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal enviará hoje mais 27 homens para o combate aos incêndios registrados na área do Pantanal.
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