A história do relacionamento do ex-ministro Antonio Palocci com o ex-presidente Lula é digna de um filme de amor que termina em tragédia, com ódio mortal no final. Palocci entrou na história do PT como um médico de periferia, militante do movimento de esquerda Liberdade e Luta (Libelu), que logo ascendeu no partido, muito respeitado por Lula, mas que hoje se transformou num monstro para os petistas. Lula passou a nutrir uma admiração especial por Palocci quando ele ainda era prefeito de Ribeirão Preto. Foi o escolhido para substituir o prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002, na coordenação de sua vitoriosa campanha para presidente naquele ano. Eleito, Lula foi a Ribeirão Preto e fez um apelo em praça pública para que Palocci largasse a prefeitura e assumisse o Ministério da Fazenda de seu governo.
Confiança máxima. O que não se sabia, e agora a delação desnuda, é que Palocci, a partir dali, passaria a ser o homem da mala de Lula, arrecadando recursos junto a empresários paulistas e até entregando dinheiro vivo ao ex-presidente. Na negociação de sua delação premiada com o Ministério Público Federal em Curitiba, onde está preso, Palocci já disse o que a ISTOÉ antecipou em maio: a Odebrecht disponibilizou R$ 300 milhões para o PT e Lula em 2010 e que seu assessor Branislav Kontiac, o Brani, chegou a entregar a Lula em 2012 mais de R$ 13 milhões em dinheiro vivo. Pessoalmente, Palocci diz que repassava pacotes com até R$ 50 mil para o ex-presidente. Quando alguém, que era carne e unha de Lula, dá detalhes como os fornecidos por Palocci, poucos duvidam da veracidade dos fatos.
Desvios no Instituto Lula
Na sua delação, Palocci conta como ajudou a gastar os R$ 300 milhões de Lula e do PT contabilizados no “departamento de propina” da Odebrecht. Lula, que tinha a alcunha de “amigo”, chegou a ter em um saldo de R$ 40 milhões em 2012 só para suas despesas pessoais. Mas só Palocci tinha autorização para sacar o dinheiro, como revelou o empresário Marcelo Odebrecht em depoimento ao juiz Sergio Moro. Palocci disse também aos procuradores que o ex-presidente desviou dinheiro doado ao Instituto Lula para custear despesas pessoais e de membros de sua família. De acordo com o ex-ministro, o caixa paralelo do instituto era administrado por Paulo Okamoto, presidente da entidade. Ainda no acordo de colaboração premiada, Palocci afirmou também que a atual presidente do PT, Gleisi Hofmann (PT-PT), se beneficiou das maracutaias do partido para ajudar empreiteiras. Segundo o ex-ministro, o PT ganhou R$ 50 milhões da Camargo Corrêa em 2009 para ajudar na anulação da Operação Castelo de Areia. Parte do montante foi repassada para a campanha de Gleisi em 2010.
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