Os pedidos de urgência enviados pela presidente Dilma Rousseff (PT), para votação de projetos anticorrupção, não são prioridade da Câmara Federal. A garantia é do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que esteve na sexta-feira (20) em Curitiba, para o lançamento do programa “Câmara Itinerante”. “Na verdade, o governo deu urgência constitucional a dois projetos do próprio governo. Um de 2005, parado há 10 anos lá na Câmara. Outro de 2011, ou quatro anos parado”, disse.
“Então, se isto fosse realmente urgente e importante talvez tivesse sido dado urgência há 10 anos”, disparou. Para o presidente da Câmara, se os projetos de fato evitassem a corrupção, “certamente poderíamos estar aqui não discutindo a CPI na Petrobras, como o Parlamento está fazendo”. Segundo Cunha, a prioridade para o PMDB no momento é buscar alternativas para reduzir os gastos. As informações são de Ronildo Pimentel, em reportagem especial para A Gazeta do Iguaçu.
Eduardo Cunha também falou sobre o pronunciamento de Cid Gomes (Pros), na Câmara, que motivou sua saída do Ministério da Educação e as denúncias do procurador-geral, Rodrigo Janot, de envolvimento dele com o escândalo do Petrolão. Veja a seguir os principais pontos da entrevista concedida por Eduardo Cunha em Curitiba:
Qual a intenção da Câmara Itinerante começando pelo Paraná?
Eduardo Cunha: Bom, nós vamos fazer em todas as regiões do Brasil, do Sul ao Norte, alternadamente, de estado em estado. Começamos pelo Paraná, pois é uma bancada grande, representativa no Congresso Nacional. O objetivo é levar a Câmara para o conhecimento da população local, ou seja, levar os temas que são debatidos para dentro dos estados, que a população tenha conhecimento e possa participar. Além disso, colher sugestões daquilo que eles entendem ser importante para o processo legislativo.
Como o senhor recebeu as acusações de “achacador”, do ministro Cid Gomes?
O ex-ministro Cid Gomes é um desqualificado, teve o destino que ele queria ter ao ser demitido, a Câmara está processando-o e eu não vou bater boca com quem se acha imputável. Ele se acha um indígena. Ali é um caso de processo judicial.
E como fica a relação do governo com a base aliada após este caso?
A base aliada continua sua relação com o governo. Vivemos um momento de crise política que efetivamente acabará sendo superado, na medida em que o diálogo, a forma de fazer articulação política seja feita pelo governo buscando uma reaproximação com sua base. Isto estará ocorrendo. Então vamos dar um tempo para que o governo reorganize a sua articulação política e com isso retomar a agenda com o Poder Legislativo.
A reforma ministerial pode influenciar nisto?
Sou presidente da Câmara, não partidário neste momento para falar sobre reforma ministerial. Isto cabe ao Poder Executivo que pode dizer o que vai fazer ou não com seu governo.
Ainda sobre a Câmara, o PMDB sinalizou que o pacote anticorrupção não é prioridade, mas sim a diminuição de ministérios.
Sem dúvida. O PMDB quer a diminuição dos gastos. Na verdade o governo deu urgência constitucional a dois projetos do próprio governo. Um de 2005, parado há 10 anos lá na Câmara. Outro de 2011, ou quatro anos parado. Então, se isto fosse realmente urgente e importante talvez tivesse sido dado urgência há 10 anos, se isso pudesse ter evitado a corrupção que eles dizem que aconteceu, certamente poderíamos estar aqui não discutindo a CPI na Petrobras como o Parlamento está fazendo.
Então, há de se ver que não é só o projeto que o governo resolveu dar como urgência que é relevante. Há vários lá. O que temos que fazer é levá-las para votação na medida em que estejam prontas para votação. O PMDB vai continuar e vai votar e vou pautar as (propostas) que tiverem que ser pautadas. Mas o nosso principal foco é a redução de gastos e não adianta fazermos um ajuste fiscal para a sociedade pagar a conta, e ela terá que pagar, mas o governo também tem que dar o exemplo cortando suas despesas para mostrar à sociedade que o sacrifício é de todos.
Porque o senhor pediu a retirada do seu nome das investigações da Operação Lava Jato?
Simplesmente é um inquérito aberto que já contestei, fui à CPI espontaneamente, mostrei os absurdos desta investigação. E mostrei que o Procurador-Geral da República (Rodrigo Janot) escolheu a quem investigar e dei um exemplo claro com a situação do senador Delcídio Amaral (PT), cujo pedido de investigação foi arquivado. Consequentemente meus advogados resolveram entrar com um agravo regimental contra a decisão de abertura de inquérito, mostrando todos esses absurdos.
Isto não é uma coisa normal. Normal seria deixar o andamento, mas na minha situação, como chefe de poder, ter este constrangimento de investigação sem motivação, ele tem de ser contestado. Então, até para marcar posição nós fizemos um agravo regimental. E no meu caso não é analisado pela turma, mas sim pelo pleno. Então, espero que o ministro relator, após entender, leve para o pleno e paute o pleno para ver os absurdos que aconteceram.
Um dos principais jornais do Paraná trata de uma possível candidatura sua à Presidência em 2018.
O meu candidato à Presidência é o Eduardo Paes (PMDB-RJ). Trocaram o Eduardo, trocaram o sobrenome.
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