A evolução das denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acelerou a disputa pela sucessão do comando da Casa. Diferentes grupos peemedebistas e de outros partidos ligados a Cunha fazem campanha prévia para evitar surpresas. Pelo menos três parlamentares da legenda são citados nos bastidores – o atual líder, Leonardo Picciani (RJ), Lúcio Vieira Lima (BA) e Osmar Serraglio (PR). As informações são de André Gonçalves na Gazeta do Povo.
A pressa está atrelada ao regimento. Se Cunha sair da Presidência, haverá nova eleição dentro de um prazo de cinco sessões, o que equivale a menos de duas semanas. Acuado pelas investigações sobre desvios milionários da Petrobras e de que teria contas secretas na Suíça, o atual presidente vem repetindo que não vai renunciar, mas uma saída “a la Renan” é dada como certa inclusive por colegas próximos.
Em 2007, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi acusado de ter a pensão de uma filha fora do casamento paga pelo lobista de uma empreiteira. O alagoano renunciou à presidência em um acordo com o PT para manter ao mandato. Escapou de dois processos de cassação que chegaram ao plenário.
“Hoje ninguém tem dúvida de que o principal nome para essa troca é o Picciani, mas com certeza vão aparecer outros grupos”, relata um deputado do PMDB, que espera pela saída de Cunha até a próxima semana. Picciani é o atual líder do partido na Câmara e aproximou-se da presidente Dilma Rousseff na reforma ministerial. Foram dele as indicações dos novos ministros da Saúde, Marcelo Castro (PMDB-PI), e da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (PMDB-RJ).
Esse movimento gerou problemas na ala do partido que é favorável a uma ruptura com o Palácio do Planalto. “Picciani não vai ter vida fácil até porque o Eduardo não vai deixar”, afirma outro deputado da legenda. Em fevereiro, o carioca enfrentou Vieira Lima na disputa pela liderança da bancada e venceu por um voto – 34 a 33.
Nesse cenário rachado, Serraglio correria por fora. Distante de Dilma, ele é visto como um nome capaz de conseguir votos dos descontentes pelo histórico como relator da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Correios, que investigou o mensalão, em 2005. “Não me coloco como candidato, mas ao mesmo tempo não posso negar que tenho experiência administrativa para ocupar a função”, diz o paranaense.
Em 2007, ele foi eleito para o segundo cargo mais importante de direção da Casa, a primeira-secretaria, sem o apoio do PMDB. Em 2009, tentou disputar a Presidência da Câmara novamente como candidato independente contra o atual vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), mas acabou desistindo no dia da eleição.
“Eu diria que o nome dele faz sentido até como uma estratégia surpresa da oposição”, diz um terceiro deputado peemedebista. Em levantamento feito pela Gazeta do Povo há duas semanas, Serraglio disse que considerava a rejeição das contas de 2014 da gestão Dilma como motivo para a abertura do processo de impeachment.
Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
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