Desde que perdeu a eleição para o governo do Estado o senador Osmar Dias vem tratando o prefeito de Curitiba Beto Richa como um piá pançudo.
É raro o dia em que Osmar não submete Beto a algum tipo de humilhação pública. A última delas envolve o vice de Beto, Luciano Ducci. Apesar de Beto estar apenas na metade do mandato, ainda distante da sucessão, Osmar já decretou que não aceita que Ducci seja o candidato a vice de Beto em 2008.
A situação é absurda. Afinal, Osmar acaba de sair de uma eleição na qual foi derrotado, mas teve o apoio de Beto. Em lugar de gratidão, passa pito público no aliado e veta nomes numa hipotética chapa para a prefeitura de Curitiba daqui a dois anos.
Osmar reduz, com sua prepotência, o prefeito à condição de tutelado político, quase um inimputável.
É uma situação constrangedora para o prefeito e para o próprio PSDB, partido de Beto e de seu vice, que assistem perplexos um político de uma legenda menor dizer – em altos brados – o que se pode e o que não se pode fazer no poleiro tucano. É um vexame.
E porque Beto Richa suporta tudo isso calado? Terá pactos secretos com Osmar? Dívidas não reveladas ou acordos obscuros?
Essa conta não fecha. A teoria é que Osmar poderia se sentir autorizado a meter a colher nos assuntos de Beto Richa porque apoiou sua candidatura a prefeito de Curitiba em 2004.
Mas essa tese é furada. O próprio Luciano Ducci foi muito mais importante que Osmar, afinal de contas um forasteiro em Curitiba, para a eleição de Beto. Todos os analistas políticos concordam que o prestígio de Luciano Ducci como secretário de Saúde de Curitiba, criador do “Mãe Curitibana”, foi um fator decisivo naquela eleição.
Se Beto se sentia devedor de Osmar pagou essa dívida com juros ao apoiar a candidatura do senador ao governo do Estado, mesmo correndo riscos políticos. Entre eles o de revelar, como revelou, que seu prestígio em Curitiba não é nenhuma Brastemp.
Deve haver, portanto, algo mais por trás dessas sessões públicas de sadomasoquismo que Osmar sujeita o prefeito e que este se submete com a resignação que se atribui à proverbial mulher de malandro.
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