do blog Caixa Zero, na Gazeta do Povo
Você já viu alguém abrir mão de um cartório? Podia. Pela regra, não está proibido que o sujeito, titular de um tabelionato, chegue ao guichê do Tribunal de Justiça e diga que não está mais interessado.
Ninguém assinou contrato de sangue se comprometendo a exercer a função por tempo indeterminado, a carregar essa cruz vitaliciamente.
Sim, porque é assim que a Anoreg e os cartorários fazem parecer a coisa: os pagamentos são tão ruins que eles estão à míngua: é preciso fazer reajustes. E reajustes de até 2.350%, conforme mostrou hoje a Gazeta.
É claro que ninguém espera que alguém faça sacrifícios econômicos pesados voluntariamente para satisfazer as necessidades alheias. Mas não é disso que estamos falando.
Os cartórios poderiam até não ser as fábricas de dinheiro que imaginamos. Mas estão longe de ser a cruz que querem fazer parecer.
Não é possível que alguém precise cobrar R$ 75,00 para ver se uma assinatura é verdadeira ou não. Simplesmente não faz sentido. Ainda mais sob o argumento de que isso reduzirá a taxa para quem pode pagar menos.
Um serviço vale quanto custa, não é o caso de sobretaxar para aumentar o lucro de alguém. E quais são as taxas que estão abaixo do custo para compensar essa benevolência toda com os cartorários na outra ponta?
Além do mais, e as pequenas empresas? Imagine uma microempresa com três funcionários (ou menos) tendo que reconhecer 10 firmas num mês. São R$ 750 de uma vez só.
Depois vêm reclamar da carga de impostos. Os cartórios sim, não o governo, são uma carga semi-inútil que carregamos com o dinheiro do nosso bolso.
Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
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