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A oposição começa o ano em pé de guerra com o Governo Dilma

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do El Pais

A oposição ao Governo Dilma Rousseff não está disposta a deixar escapar os 51 milhões de votos recebidos pelo senador Aécio Neves (PSDB) na última eleição presidencial. Isso fica claro não apenas na movimentação dos oposicionistas para criar uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades na Petrobras, em fevereiro, mas no fato de que nenhum dos líderes dos maiores partidos de oposição compareceu à segunda posse da presidenta, na quinta-feira.

Ao tomar posse, Rousseff também não se preocupou em fazer qualquer gesto aos grupos que derrotou na mais tensa das campanhas eleitorais da democracia recente, ao contrário do que havia feito em seu discurso de vitória, o que só reforça o distanciamento entre a presidenta e aqueles a quem ela havia prometido “diálogo” no dia em que foi reeleita. Mesmo ausentes, opositores como Neves não deixaram de criticar o discurso presidencial.

No dia seguinte à posse de Rousseff, o senador publicou mensagem nas redes sociais para dizer que “nosso país merece mais que discursos, promessas e propaganda” e que “o PSDB inicia o novo ano revigorado e disposto a cumprir seu papel de maior partido na oposição”. Na mensagem, o tucano, que tentará se manter como principal nome aglutinador da oposição nos próximos anos, deseja que “as esperanças de cada um dos brasileiros sejam honradas em 2015” e convoca: “não vamos nos dispersar”.

Os ataques mais contundentes à gestão Dilma Rousseff têm partido, contudo, do líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes, que compôs a chapa tucana à presidência como vice de Neves. “Não ouvi e não gostei”, disse o tucano ao jornal O Globo, sobre o discurso de Rousseff, acrescentando que as promessas de sua primeira posse, em 2011, já haviam se revelado falsas. Nunes também disparou nesta semana contra a possibilidade de o novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, propor a uma regulamentação dos meios de Comunicação.

“O traço de união capaz de congregar em uma linha de ação comum facções rivais do campo lulo-petista e também os grupelhos da esquerda anti-democrática é a proposta celerada a cargo do ‘aloprado’ Berzoini: o controle da imprensa, conforme ele anunciou no discurso de posse”, escreveu Nunes em seu perfil no Facebook, acrescentando que “o que está em jogo é a liberdade de expressão, cerne da vida democrática” e que “essa é a prioridade das prioridades”.

Líder do Democratas, o senador José Agripino Maia, que também não compareceu à posse de Rousseff, diz que o trabalho da oposição se faz ainda mais necessário neste segundo mandato. Segundo ele, a oposição é a mesma; o que mudou foi o Governo, que está “mais vulnerável e sem unidade de pensamento”. Ao EL PAÍS, o parlamentar mencionou o episódio em que a presidenta Dilma Rousseff, nas palavras do oposicionista, “desautorizou” o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, para dizer que “quando os ministros correm o risco de serem desautorizados a qualquer declaração, quem paga o pato é o país”. “E a atitude do ministro era até sensata, era a declaração possível. Mas, agora, como vamos saber se ele está pensando o mesmo que, por exemplo, o ministro do Desenvolvimento”, questiona.

CPI da Petrobras
O principal item da pauta oposicionista neste início de ano no Congresso Nacional é a abertura de uma nova CPI da Petrobras, após o Governo conseguir conter possíveis estragos nas duas comissões parlamentares que investigaram as denúncias de irregularidade na estatal durante o ano passado. Para tanto, caberá aos opositores tentar se valer da insatisfação dos aliados do Governo com o comando de Rousseff no Palácio do Planalto. E não faltam opções numa base que fechou 2014 como a mais infiel dos últimos 25 anos.

Líder do principal partido aliado do Governo e favorito a assumir a presidência da Câmara neste ano, o deputado Eduardo Cunha (PMDB) disse, em dezembro passado, que uma nova CPI da Petrobras é “inevitável”. Também líder do PMDB, mas no Senado, Eunício Oliveira disse, pouco depois de ver a presidenta tomar posse para o segundo mandato, que não descarta a recriação de CPI da estatal no início deste ano. Além disso, as lideranças peemedebistas já se apressaram em avisar que não estão com o Governo em qualquer tipo de tentativa de regular a mídia, assim como fizeram os quatro principais partidos de oposição.