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Operação Lava Jato amplia investigação sobre José Dirceu

Operação Lava Jato amplia investigação sobre José Dirceu

Mario Cesar Carvalho, Folha de S. Paulo

Bob surgiu na Operação Lava Jato como personagem secundário, desses que mais atrapalham do que ajudam a entender o resto da trama. Mas Bob, apelido com o qual o doleiro Alberto Youssef chamava o ex-ministro José Dirceu ao registrá-lo em sua contabilidade, caminha para se tornar um dos principais alvos da apuração por conta de um conjunto de indícios e provas reunidos pela Polícia Federal e também por procuradores do caso. A apuração sobre Dirceu mudou de patamar por indícios que vão de consultorias de cerca de R$ 3,8 milhões pagas pelas empreiteiras investigadas pela Lava Jato, sem comprovação de prestação de serviços, segundo os procuradores, a acusações de Youssef de que um dos delatores estaria protegendo o ex-ministro.

Há ainda menção a Dirceu por parte dos dois delatores da Camargo Corrêa, o presidente da empresa, João Auler, e o vice-presidente Eduardo Leite. Segundo a Folha apurou, eles não assumiram receber suborno, mas dizem que outros diretores da empreiteira podem ter feito isso. O ex-ministro foi condenado no mensalão a dez anos de prisão, cumpriu menos de um ano em regime fechado e agora está em prisão domiciliar. Uma das principais descobertas, na visão de dois investigadores, é o vínculo entre João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, com Dirceu. Para eles, já há elementos de que Vaccari agia a mando de Dirceu.

Vaccari é apontado pelo doleiro como o encarregado pelo PT de arrecadar a propina que tinha origem nos desvios de obras da Petrobras. Youssef cita um caso de suborno pago ao PT em que “os indicados para o recebimento eram Vaccari e Dirceu”. O doleiro também aponta que o empresário Julio Camargo omitiu Dirceu em sua delação premiada. Segundo Youssef, ele pagou R$ 27 milhões em propina entre 2005 e 2012 –parte foi para Dirceu.

Youssef relata ainda ter visto planilha com pagamentos a Bob quando checava contas com Franco Clemente Pinto, contador de Julio Camargo.O doleiro aponta que Camargo era ligado a Dirceu e ao ex-ministro Antonio Palocci, também investigado após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa dizer que ele pedira R$ 2 milhões para a campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2010. Palocci nega.