Ação do MP-PR ocorre como desdobramento do caso “mansão cassino” e um dos presos é o ex-delegado-geral da Polícia Civil Marcus Vinicius Michelotto
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou uma operação nesta terça-feira (10) para prender vários policiais civis e militares que estariam envolvidos com o jogo ilegal no caso que ficou conhecido como “mansão cassino”. Entre os presos pelo Gaeco está o ex-delegado geral da Polícia Civil Marcus Vinicius Michelotto.
O local foi estourado por policiais que faziam protestos contra a diretoria da Polícia Civil em janeiro de 2012. A inesperada batida policial em uma mansão que funcionava como cassino no bairro Parolin, em Curitiba, iniciava uma guerra interna na Polícia Civil.
Gaeco deflagrou uma operação nesta terça-feira (10) para prender vários policiais civis e militares que estariam envolvidos com o jogo ilegal.
A operação desta terça-feira é coordenada pelo Gaeco, que integra o Ministério Público (MP-PR), e conta com o apoio da Polícia Civil e da Polícia Militar. Todos os presos da operação estão sendo levados ao Gaeco e a operação ainda estava em andamento às 9h30 desta terça.
Presidente do Sindicato dos Delegados do Paraná (Sidepol), Cláudio Marques esteve presente no Gaeco e informou que houve prisão de dois delegados e quatro investigadores. Ele também confirmou a prisão de Michelotto e criticou a ação. “Acho muito estranho se for isso [investigação relacionada ao caso mansão cassino”, disse, se referindo ao fato de a instigação ser um caso antigo.
“A questão da prisão do Michelotto parece que se tornou uma coisa pessoal entre o Gaeco. E o Gaeco quer fazer investigações, mas não tem estrutura e não tem coragem de investir nisso.” Segundo ele, o Gaeco não teria coragem de fazer investigações “no que realmente importa, que é o crime organizado.”
O caso “mansão cassino”
Em 27 de janeiro de 2012, sem a presença de um delegado, policiais civis invadiram a mansão no Parolin, prenderam três pessoas e apreenderam 40 máquinas de caça-níqueis. A operação teria sido um protesto dos policiais pela aprovação do Estatuto da Polícia Civil. No início da tarde daquele mesmo dia, o comando da Polícia Civil classificou a operação como “miliciana e política”.
De acordo com denúncia recebida pelos policiais que fizeram a operação sem o conhecimento do comando, a mansão funcionava todos os dias da semana, do início da noite ao amanhecer, com “movimentações de carros, motos e pedestres”. O registro feito por eles à época descrevia o local como abrigo para tráfico de drogas, exploração sexual de adolescentes, jogos de cartas e exploração de caça-níqueis.
O resultado da operação foi uma crise institucional: o delegado-chefe da Polícia Civil, Marcus Vinicíus Michelotto, classificou os agentes envolvidos na ação de “milicianos”; já os policiais cravaram que a corporação passa por uma “crise de moralidade”.
Cerca de um ano depois, apesar da existência de suítes luxuosamente decoradas no local, uma investigação da Polícia Civil concluiu que não havia exploração sexual na mansão cassino. A instituição, em fevereiro de 2013, ressaltou que o local era frequentado por idosos. A investigação também teria concluído que não houve o envolvimento de qualquer policial civil na exploração do jogo na mansão.